Secretária de deputado afastado tem medo de morrer, se confessar crime à PF

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Publicado Domingo, 19 de Janeiro de 2020 às 15:08, por: CdB

O áudio foi obtido pela Operação Pés de Barro, da Polícia Federal (PF) que apura o possível pagamento de mais de R$ 1,2 milhão em propinas, originárias do superfaturamento das obras na Adutora Capivara, no sertão paraibano.

 
Por Redação - de João Pessoa
  A secretária parlamentar Evani Ramalho, lotada no gabinete do deputado afastado Wilson Santiago (PTB/PB), foi gravada pela Polícia Federal em conversa com o empresário George Ramalho na qual diz temer por sua vida. O áudio foi obtido pela Operação Pés de Barro, da Polícia Federal (PF) que apura o possível pagamento de mais de R$ 1,2 milhão em propinas, originárias do superfaturamento das obras na Adutora Capivara, no sertão paraibano.
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Santiago (PTB-PB) é alvo de investigações sobre desvio de dinheiro público, no interior da Paraíba Evani foi filmada recebendo propina de George Ramalho
A colaboração de George Ramalho é considerada a espinha dorsal do processo, uma vez que ele teria confessado o pagamento, com recursos ilícitos, ao parlamentar.

‘Cuidado’

Evani, por sua vez, é apontada como a 'gerente de propinas' do esquema supostamente montado por Santiago e João Bosco Nonato Fernandes, prefeito de Uiraúna. Este último foi preso na operação policial. Segundo porta-voz da Polícia Federal, ela possuía 'autonomia na articulação dos pagamentos de propina'. Evani alertava a George que eles deveriam ter 'cuidado' na ação, e levanta a hipótese de que seria levada a delatar os cúmplices, caso fosse presa. — Eu tenho muito cuidado com isso. Por quê? Porque esse povo, na (inaudível) que eu estou Se me pega numa situação dessa e eu digo foi pra fulano e pra sicrano Tu acha que, pra fazer o mal a mim — afirmou.

‘Morro de medo’

Ela se refere a Wilson Santiago — afastado do mandato, em dezembro, por ordem do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal — e a João Bosco Nonato Fernandes, filmado pela PF, colocando dinheiro de propina na cueca.
Acompanhe a transcrição do telefonema:
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Evani: eu tenho muito cuidado com isso. Por quê? Porque esse povo, na (inaudível) que eu estou Se me pega numa situação dessa e eu digo foi pra fulano e pra sicrano Tu acha que, pra fazer o mal a mim. É o que tem que ter, uma pessoa de confiança. (inaudível) Coração vai na boca. George: Eu sofro do coração todo dia. Evani: (barulho de carro) Família de Bosco todinha. Eu morro de medo, não vou mentir Tá viva não, se puder negócio comigo.Eu acredito pra ele mandar fazer alguma coisa comigo Eu entregando ele?! George: se pegar ele vai dormir na cadeia. Evani: Se eu entregar eu morro. George: não tem como você não entregar. Evani: Por isso que eu tenho medo.

Defesa

Quando o ministro Celso de Mello, do Supremo, decretou o afastamento de Wilson Santiago da Câmara, o advogado dele, Luís Henrique Machado, declarou em nota à imprensa: "O deputado Wilson Santiago recebe com respeito e acatamento a decisão do Ministro Celso de Mello. Está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados." Wilson Santiago, por sua vez, disse também, em nota, que foi surpreendido pela “Operação da Polícia Federal”. “A operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho, o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe favorecesse na operação que foi alvo de prisão.

Refém

“O delator busca a todo momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e criminalizar o trabalho parlamentar. “Fica evidente, que o delator usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar condenação na Operação Feudo. Temos certeza que esse tipo ação criminosa será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém dessas práticas. “Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a disposição da Justiça para colaborar em todo o processo”, concluiu.
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