O treinador brasileiro Antônio Dumas chegou ao Togo, um minúsculo país na costa oeste da África, com o objetivo de tentar levar a seleção nacional à próxima Copa do Mundo.
Ao entrar em contato com a equipe, viu que essa seria uma missão quase impossível. Daí, surgiu a idéia que tirou a seleção togolesa do anonimato: importar jogadores brasileiros.
A idéia vem dando certo e elevou as esperanças dos togoleses de chegar à Alemanha em 2006.
Dumas, de 51 anos, que foi jogador de equipes como o Santos, Portuguesa e o Sporting de Lisboa, admite que os jogadores togoleses têm algumas limitações.
- São jogadores que atuam no exterior, não são de um nível excelente. E, como o objetivo é chegar na Copa da Mundo da Alemanha, surgiu a idéia de buscar alguns jogadores no Brasil, nacionalizá-los, elevando assim o nível da equipe.
Velhos contatos
Dumas foi buscar velhos contatos no Paraná, onde conseguiu a mão-de-obra que queria. Foram quatro os jogadores escolhidos e naturalizados togoleses.
A escolha de Alessandro Faria, Fábio de Oliveira, Fábio Azevedo e Jefferson de Souza não levou apenas em conta o nível do futebol apresentado.
- Fizemos o possível para trazer jogadores de cor negra, para evitar contrastes com a população aqui do Togo - disse Dumas.
Os brasileiros-togoleses não se mudaram para o oeste da África. Continuaram atuando no Paraná e indo ao Togo apenas para treinamentos e jogos.
Apesar do povo togolês gostar muito de futebol e sonhar com uma Copa do Mundo no currículo, Dumas afirma que a presença dos brasileiros não foi tão bem aceita no início.
- No começo, as pessoas estranharam um pouco. Mas, com o andar da carruagem, os brasileiros começaram a mostrar um bom nível de futebol - conta o treinador.
- Inclusive, dois jogadores que vieram já foram vendidos para o Metz, da França, devido ao futebol que mostraram na seleção, e um está sendo negociado com a Alemanha. Eles elevaram o nível de futebol apresentado pelo país.
Campanha
O resultado foi imediato. A partida de estréia dos novos togoleses acabou em uma vitória do Togo por 5 a 2 sobre Cabo Verde, quatro gols de brasileiros.
Na segunda partida, pelas eliminatórias para a Copa Africana das Nações, a vitória contou com dois gols de brasileiros.
A terceira atuação, contra a seleção da Mauritânia, acabou em 0 a 0. Os togoleses, no entanto, ainda precisam de duas vitórias para se classificar.
- Os bons resultados fizeram com que a população, que é louca por futebol, aceitasse melhor a presença dos brasileiros. É claro que existem críticas, mas a maioria já considera os brasileiros como togoleses.
Dumas chegou ao Togo após uma bem-sucedida passagem pelo Gabão, onde se sagrou campeão da Copa Centro-Africana, vencendo seleções como a de Camarões.
Foi daí que surgiu o convite para dirigir a seleção do Togo, por dois anos, visando especificamente a Copa do Mundo.
Classificação
Mas Dumas, mesmo com o reforço dos brasileiros, sabe que a tarefa é difícil. O Togo está na 86ª posição do ranking da Fifa, entre 204 país, e nunca participou de uma Copa do Mundo.
O treinador afirma que ainda precisa superar algumas dificuldades para tornar a equipe mais competitiva.
- Existe muito amadorismo. É difícil e um grande desafio trabalhar assim. Inclusive, a vinda dos brasileiros para cá mostrou as diferenças e facilitou muito a disciplina. Os africanos são até bem disciplinados como pessoas, mas como profissionais falta muita coisa. Por exemplo, se faltam a um treino é como se não fosse nada. É um futebol alegre, quase um futebol profissional.
Para tentar amenizar as deficiências, já que durante as Eliminatórias o Togo vai encarar seleções africanas com o nível mais alto, Dumas está levando a equipe para o Brasil.
Os jogadores, excluindo os brasileiros, vão passar dois meses em um c