Presidente da Rússia, Vladimir Putin discursará na Crimeia, na próxima quinta-feira, perante os membros do parlamento russo e os ministros com um “discurso substancial”, declarou Dmitri Peskov, porta-voz do chefe de Estado.
– Dentro de algumas semanas, no nosso país tem lugar um início muito vivo da época na política interna, que ficará marcada pelas eleições de setembro e pode-se esperar muito que essa problemática irá figurar ativamente na ordem do dia – disse Peskov. Ele precisou que o encontro se realiza em Yalta. Além disso, Putin visitará Sevastopol e, segundo fontes no Parlamento russo, não poupará críticas ao governo ucraniano, apoiado pelas forças neonazistas que aplicaram o golpe de Estado que encerrou o período democrático em curso naquele país.
Um dos destaques do discurso será o ataque das forças de ultradireita à liberdade de imprensa na Ucrânia. Ainda nesta segunda-feira, a representante da OSCE para a Liberdade de Imprensa, Dunja Mijatovic, apelou à libertação imediata de Andrei Stenin, fotógrafo da agência russa de notícias Rossiya Segodnya. O fotojornalista estava trabalhando em Donetsk, Slavyansk e outras cidades do leste da Ucrânia, e não entra em contato desde 5 de agosto. De acordo com dados de pessoas próximas do quartel-general do comandante da autoproclamada República Popular de Donetsk, Igor Strelkov, ele provavelmente partiu em direção a Shakhtersk com representantes do corpo de informações da milícia.
– Esta prática perigosa de detenção e rapto de funcionários da mídia é inaceitável e deve acabar – declarou ela.
A União Europeia (UE), que apoia o governo sustentado pelas milícias neonazistas, também está preocupada com o desaparecimento na Ucrânia de Andrei Stenin, declarou um representante anônimo do bloco econômico.
– Estamos muito preocupados com o destino dos jornalistas que trabalham em condições difíceis nas zonas de combate – disse ele.
A embaixada da Rússia em Kiev também enviou ao Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia uma nota a propósito do desaparecimento na Ucrânia de Andrei Stenin, correspondente da agência Rossiya Segodnya.
Segundo dados da agência russa de notícias RIA Novosti, o jornalista foi detido por militares ucranianos e, segundo dados prévios, está no Serviço de Segurança da Ucrânia em Zaporozhie. Porém, a direção desse serviço na região de Zaporozhie afirma que não deteve o fotógrafo. A embaixada está empregando todos os esforços necessários para determinar o paradeiro de Stenin.
– Essa questão está sob o controle da direção da embaixada. Esperamos resposta dos colegas ucranianos – disse ele.
Dmitri Kiselev, diretor da Rossiya Segodnya, sublinhou antes que o trabalho de Stenin na Ucrânia tinha um caráter exclusivamente humanitário, ele trabalhava de ambos os lados, mostrando a guerra de ambas os lados. No sábado, a Rossiya Segodnya entregou no Ministério do Interior da Ucrânia um pedido para que fossem tomadas medidas urgentes para encontrar Stenin.
Nota da ONU
O adjunto do representante oficial da ONU Farhan Haq informou à agência RIA Novosti que a ONU espera que o repórter fotográfico da agência internacional de notícias Rossiya Segodnya, Andrei Stenin, que tinha desaparecido na Ucrânia em 5 de agosto, seja encontrado e que a sua segurança não esteja ameaçada.
Na semana passada uma fonte no leste da Ucrânia informou à RIA Novosti que Stenin tinha sido sequestrado pelas Forças Armadas ucranianas e, de acordo com os dados preliminares, está nas mãos do Serviço de Segurança da Ucrânia em Zaporozhie.
– Manifestamos a esperança de que ele seja encontrado e esteja fora do perigo – disse Haq.
O secretário de imprensa do presidente da Federação da Rússia, Dmitri Peskov, assegurou que a Rússia faz o máximo de esforços através das respectivas entidades a fim de conseguir o retorno de Stenin da Ucrânia.
No sábado a Rossiya Segodnya apresentou ao Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia um requerimento solicitando a tomada de medidas urgentes para a busca de Stenin. O requerimento foi aceito nos serviços centrais do ministério.