Serra arregaça as mangas

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Publicado Terça, 24 de Maio de 2016 às 14:00, por: CdB
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro:
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Brasil vai se aproximar dos Estados Unidos
Não adianta o ministro do Exterior José Serra, do governo interino, espernear e reagir meio histericamente às acusações surgidas em várias partes do mundo condenando o golpe institucional, porque os fatos ficam cada vez mais claros. Serra é um preposto da Chevron, empresa petrolífera a qual prometeu beneficiar, segundo denuncia divulgada pelo site WikiLeaks. O político tucano chega até a expressar, em  entrevista que circula nas redes sociais, “Estados Unidos do Brasil”. Não é á toa, podem estar certos, e o motivo é simples, não sendo necessário aprofundar os conhecimentos sobre Freud. É que não sai da cabeça do agora ministro que antes de qualquer coisa ele precisa demonstrar fidelidade ao Departamento de Estado norte-americano. Já se voltou contra países com governos que não rezam pela cartilha dos Estados Unidos. Não será surpresa se radicalizar no posicionamento “antibolivariano”. Quanto a Michel Temer, algum repórter com um pouco mais de coragem precisa perguntar ao chefe do golpe o que tem a dizer sobre o informe divulgado pelo site WikiLeaks que de janeiro e junho de 2006 informava para a Embaixada dos Estados Unidos, que naturalmente repassava aos serviços de inteligência parar formarem opinião sobre os acontecimentos no Brasil. Tais fatos, somados ao vivenciado pelo Senador do PSDB paulista Aloysio Nunes Ferreira, que um dia após a vergonhosa votação da Câmara dos Deputados sobre o impeachment -- denominação utilizada tentar esconder o golpe – circulava nos Estados Unidos. O que foi fazer lá? Prestar contas, receber algum benefício por serviços prestados? Ou foi lá apenas para fazer turismo?  Foi por conta própria? Se convidado, quem o convidou? E qual o motivo real da viagem? Serra, Temer e Ferreira são políticos que rezam pela cartilha de Washington, sem dúvida. Agora como Ministro do Exterior, o político do PSDB muito rapidamente já está demonstrando serviço e pretende se colocar com veemência contra regimes populares da América Latina. O pretexto é a questão das denúncias que pipocam no continente sobre o golpe ocorrido no Brasil. Aproveitando o embalo, não será de se estranhar o surgimento de mais posicionamentos contra países como a Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, El Salvador, Uruguai e outros que venham a se posicionar. Serra levantou a voz contra alguns países, mas até agora não respondeu diretamente a uma série de personalidades em várias partes do mundo, entre as quais o juiz espanhol Balthazar Garzon, que denuncia com veemência o golpe ocorrido no Brasil permitindo a ascensão, por enquanto interina, do chefe Michel Temer. Aguarda-se a qualquer momento posicionamento de Serra sobre o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul), que tanta oposição tem sido explicitada pelo Departamento de Estado norte-americano. Não por acaso a mídia conservadora diariamente tem se posicionado de forma radical contra os que denunciam a ocorrência de um golpe. Nesta área, diga-se de passagem, o tom editorial está mudando, ou seja, a tal crise alardeada diariamente nos últimos meses está aos poucos dando lugar a um clima de recuperação. E tudo de ruim que porventura ainda seja registrado, a culpa ficará por conta da “herança maldita do lulopetismo”. Em menos de 72 horas de instalação do governo golpista que tem com slogan “ordem e progresso”, jornais como O Globo e alguns colunistas de sempre já admitem que a culpa de tudo de ruim que ainda aconteça é da “herança” e está chegando o “início de um novo tempo”. Podem imaginar o que vem por aí daqui para frente, ainda mais com um governo ilegítimo composto por ministros velhacos de outros tempos, defensores de posições favoráveis ao capital e também ao esquema de privatizações já anunciadas pela mídia conservadora, naturalmente em tom de júbilo. Como se tudo isso não bastasse, tudo cuidado é pouco em matéria de Ministério da Justiça tendo como titular Alexandre de Moraes. Este senhor, além de ter sido advogado do meliante Eduardo Cunha é o principal responsável pela repressão contra jovens adolescentes que exigem a instalação de uma CPI sobre as denúncias relacionadas com a corrupção que afetou a merenda escolar. Se como Secretário de Segurança de São Paulo fez o que fez contra jovens adolescentes, podem imaginar que ordens serão baixadas, sem o menor constrangimento, quando a mídia conservadora exigir alguma ação policial de combate aos que protestam contra o governo golpista de Michel Temer? E pensar que O Globo fez autocrítica por ter apoiado o golpe de 64 e agora em 2016 é um dos agentes midiáticos conservadores propulsores de um novo tipo de golpe.
Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV transmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançados no Rio de Janeiro. Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
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