Após encontrar dificuldades para conseguir um visto especial para entrar nos Estados Unidos, Caetano Veloso já tem o que comemorar. Segundo informação da AFP, os shows que o músico brasileiro irá fazer no famoso Carnegie Hall, em Nova York, já estão com lotação esgotada. Caetano se apresentará na próxima sexta-feira (16), e no sábado (17), quando será acompanhado pelo amigo David Byrne, vocalista da banda nova-iorquina Talking Heads.
Enquanto isso, no Brasil, Caetano conseguiu o disco de ouro em apenas cinco dias, vendendo 50 mil cópias de seu novo álbum, A Foreign Sound, no qual interpreta peças clássicas do repertório americano, de Cry me a River (Arthur Hamilton) a Love me Tender (Elvis Presley), passando por A Smoke Gets in Your Eyes (Brian Ferry) e Come As You Are do grupo Nirvana.
Os shows nos Estados Unidos fazem parte de uma homenagem do Carnegie Hall ao cantor e compositor baiano. Caetano e convidados se apresentam entre 14 e 18 de abril, no show Perspectivas. É a primeira vez que um artista não pertencente ao mundo da música clássica recebe homenagem da respeitada casa de shows norte-americana. Além de Caetano, marcam presença no evento a banda AfroReggae, a cantora Mart'nalia - filha do sambista Martinho da Vila - e a baiana Virgínia Rodrigues. O elenco foi todo escolhido por Caetano Veloso.
Em entrevista ao New York Times, o compositor disse que buscou, com A Foreign Sound, refletir sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos. Ao falar da canção Carioca, que Fred Astaire e Ginger Rogers interpretaram em Flying Down to Rio (1933), o músico explicou que o filme "dá a impressão de que ninguém nunca tinha vindo ao Brasil e a canção soava como se ninguém soubesse nada sobre música brasileira. É uma brincadeira leve, inocente. Quando nós finalmente a gravamos, eu convidei pessoas da Bahia que estão acostumada a inventar ritmos tropicais".
Caetano aproveitou a entrevista para falar do país e defender a brasilidade do álbum. Segundo o músico, "a vida no Brasil é horrível de muitas maneiras, mas também é bela". Sobre o disco, Caetano quer que as pessoas entendam de que "se trata de um disco meu e é tão brasileiro quanto os outros". Para o cantor, cada uma das faixas é preenchida por camadas de histórias e emoções.