O estudo afirma que pais casados ou que vivem juntos antes da concepção têm uma chance um pouco maior de ter um menino do que os que estão em situação diferente.
As conclusões da pesquisa, publicadas na revista Proceedings, da entidade Royal Society (associação que reúne cientistas britânicos), foram produzidas a partir da análise dos dados de 86.436 nascimentos registrados pelo Departamento Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos.
No total, o estudo constatou que 51,5% dos bebês nascidos de casais que moravam juntos no momento da concepção eram meninos, em comparação a 49,9% entre pais em situação diferente.
Embora isto possa parecer uma pequena diferença, na verdade, estatisticamente, tem grande importância quando levada em conta toda a população.
Estabilidade
Ao examinar a situação de irmãos e irmãs, os pesquisadores descobriram que casais que viviam juntos antes da concepção tinham uma probabilidade extra de 14% de ter um menino.
Os pesquisadores disseram que a descoberta pode explicar uma redução na proporção de nascimento de meninos em alguns países desenvolvidos nos últimos 30 anos.
Pesquisas anteriores sugeriram que mulheres que não estão em um relacionamento estável e monogâmico podem ter menor probabilidade de ter um bebê do sexo masculino.
Há registros, inclusive do século 19, do nascimento de uma menor porcentagem de meninos de mães que não eram casadas.
Estudos no Quênia descobriram uma tendência semelhante entre mulheres casadas em relações poligâmicas.
Embriões do sexo masculino são menos robustos do que os do sexo feminino e, portanto, exigem um grau maior de nutrição durante a gravidez para sobreviverem a todo o período de gestação.
Pesquisadores dizem que é possível que uma mulher que em um relacionamento estável possa estar em uma posição melhor para isso.
Amostragem mais ampla
A pesquisadora Karen Norberg disse que encontrou a mesma tendência em cinco amostragens separadas nos Estados Unidos, representando nascimentos em um período de 40 anos e uma maior diversidade étnica e sócio-econômica.
– Há vários mecanismos possíveis que podem explicar a tendência. Fatores que atuam na concepção podem incluir a situação hormonal do pai e da mãe ou a hora, e a hora ou a freqüência das relações sexuais – fatores que operam mais tarde, durante a gravidez, podem resultar em tendências sexuais, em riscos de aborto espontâneo – disse Norberg.
O acadêmico Andrew Reid, porta-voz da Sociedade Britânica de Genética Humana, disse que, na população em geral, acredita-se que nascem cerca de 106 meninos para cada 100 meninas.
– Acredita-se que esta seja a forma de a natureza compensar o fato de que meninos têm maior probabilidade de morrer na infância por causa de doenças genéticas – disse Reid.
O porta-voz afirmou que é possível que a razão para a diferença ressaltada no estudo seja que as pessoas que vivem juntas tendem a fazer sexo em horários diferentes de outras pessoas.
Sabe-se que crianças concebidas em relações sexuais que ocorrem exatamente no dia da ovulação têm maior probabilidade de ser meninas do que crianças concebidas em relações sexuais ocorridas de dois a quatro dias antes da ovulação.