Socialistas portugueses começam a avaliar o tamanho da derrota

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Publicado segunda-feira, 23 de janeiro de 2006 as 20:45, por: CdB

Após a vitória do candidato de centro-direita à Presidência da República portuguesa, neste domingo, por uma pequena margem de votos, o Partido Socialista português, atual governante do país, deu início a uma série de análises relativas ao impacto da eleição de Aníbal Cavaco Silva na política de Portugal e estuda uma forma de coabitar com a nova força conservadora que chegou ao poder.

Pela primeira vez desde 1974, o Palácio Presidencial de Belém será dirigido por um representante de centro-direita. Para os analistas políticos do país, o presidente eleito Cavaco Silva terá de ‘colaborar e entender-se’ com o primeiro-ministro, o socialista José Sócrates. Por sua vez, Sócrates terá a tarefa de apaziguar os ânimos dentro do seu partido, que precisa se refazer da derrota histórica e também da polêmica causada pela candidatura independente de Manuel Alegre, ex-dirigente do PS.

Uma fonte do Partido Socialista disse que está prevista uma reunião do Secretariado Nacional, embora ainda não tenha sido divulgada uma data para o encontro. O ex-presidente Mario Soares, candidato do PS, foi o terceiro colocado na eleição, com 14% da preferência dos portugueses, o pior resultado dos socialistas em todos os tempos. Soares ficou atrás de Cavaco Silva, que teve pouco mais de 50% dos votos, e do poeta Manuel Alegre, que concorreu sem partido este ano e recebeu 20% da escolha popular.

A eleição deste domingo já fez surgir vozes dentro do PS para pedir que o partido ‘tire lições’ do resultado das urnas. Para a eurodeputada Ana Gomes, Alegre é ‘co-responsável pela derrota da esquerda’, por ter definido sua candidatura como a ‘expressão de um movimento cívico’.

– Temos que refletir, tirar algumas conclusões e depurar as responsabilidades nos próprios organismos internos do partido – disse.

Outra eurodeputada portuguesa do PS, Elisa Ferreira, disse que agora espera para ver o que fará Manuel Alegre, ‘já que ele é deputado e vice-presidente do Parlamento pelo PS e se apresentou contra o partido, em uma lógica de movimento cívico’.