Straw diz que Governo deveria ter lido relatório da Cruz Vermelha

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Publicado terça-feira, 11 de maio de 2004 as 16:44, por: CdB

O ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw, admitiu hoje, terça-feira, que as autoridades do governo deveriam ter visto antes o relatório da Cruz Vermelha que denuncia os maus-tratos dos presos iraquianos pelas tropas de ocupação.

Em um discurso parlamentar, Straw disse ter lido neste fim de semana o relatório, enviado em fevereiro pela Cruz Vermelha e que, segundo ele, contém “provas de terríveis e espantosas violações aos direitos humanos na prisão de Abu Ghraib, para as quais não há, nem pode haver, desculpas”.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse na segunda-feira que ainda não tinha lido o documento, enquanto um porta-voz de Downing Street afirmou que em um primeiro momento foi estudado por autoridades governamentais de menor nível.

“Deveria ter sido colocado à disposição das autoridades governamentais, mas o fato é que não foi”, disse hoje Jack Straw.

O governo britânico confirmou no fim de semana que tinha recebido em fevereiro um relatório confidencial da Cruz Vermelha sobre maus-tratos dos prisioneiros iraquianos cometidos por soldados do Reino Unido e dos EUA.

Por sua vez, a organização pró-direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse no domingo que há um ano advertiu pela primeira vez ao Governo de Blair que alguns presos tinham sido maltratados e que pelo menos um morreu sob a guarda de tropas britânicas.

A AI afirmou hoje em outro relatório que as tropas britânicas no Iraque mataram vários civis iraquianos, inclusive uma menina de oito anos, que não representavam riscos, e exigiu uma investigação independente.

Quanto ao relatório da Cruz Vermelha, houve declarações contraditórias do governo britânico sobre se foi entregue em fevereiro ao então enviado no Iraque, Jeremy Greenstock, já retirado da carreira diplomática.

Downing Street e o ministro da Defesa, Geoff Hoon, disseram que o relatório foi enviado a Greenstock e seus assessores no Iraque, mas Straw disse que só tinha sido analisado por um conselheiro legal britânico.

“Pelo que sei, sir Jeremy Greenstock não o recebeu, apesar do que os jornais publicaram”, disse o chefe da diplomacia britânica.