Suspeito por desaparecidos de Bruno e Phillips passa por audiência de custódia

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Publicado Quinta, 09 de Junho de 2022 às 11:08, por: CdB

O suspeito nega qualquer relação com o sumiço de Bruno e Phillips. No momento em que foi detido, a polícia encontrou com Pelado munições de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente.

Por Redação, com RBA - de Brasília

Preso por envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como ‘Pelado’, deverá passar por audiência de custódia nesta quinta-feira. Ele foi detido na cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, após testemunhas relatarem aos policiais que a lancha do suspeito foi vista perseguindo o barco do servidor licenciado da Funai e do colaborador do The Guardian, depois deles deixarem a comunidade de São Rafael.
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Amigos e familiares do jornalista britânico protestaram em frente à Embaixada do Brasil em Londres, onde cobraram reforços do governo para a busca dos dois
A audiência de custódia deveria ter ocorrido na quarta, mas foi adiada para hoje pela juíza Jacinta Silva dos Santos com o objetivo de aguardar novas provas. O Promotor de Justiça de Atalaia do Norte, Elanderson Lima, disse que irá pedir a prisão preventiva do homem, de acordo com informações do diário conservador carioca O GloboSe o pedido for aceitado pela Justiça, Pelado será transferido para o presídio estadual de Tabatinga. O suspeito nega qualquer relação com o sumiço de Bruno e Phillips. No momento em que foi detido, a polícia encontrou com Pelado munições de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente. Ainda segundo a corporação, ele tem um histórico de ameaças a indígenas. E sua lancha passou em alta velocidade atrás do barco do indigenista e do jornalista. Os dois viajavam em uma embarcação nova, com motor de 40 HP. Mas a lancha apreendida com Pelado tem motor de 60 HP e é mais veloz.

Quarto dia de buscas

Os dois estão desaparecidos desde domingo, após serem vistos pela última vez em São Rafael, por volta das 6h. Eles estavam a caminho da cidade de Atalaia do Norte, onde deveriam ter chegado cerca de duas horas depois, o que não ocorreu. A parada em São Rafael fazia parte de uma visita previamente agendada para que Bruno fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”. O objetivo do encontro, conforme divulgado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), era consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, bastante prejudicado pelas intensas invasões de garimpeiros, madeireiros, pescadores ilegais e do narcotráfico. Segundo a Polícia, Pelado é sobrinho de Churrasco. O líder comunitário chegou a ser ouvido na segunda como testemunha e foi liberado em seguida. A detenção do suspeito também foi motivada, segundo a corporação, pelo relato de que ele teria ironizado o fato de o servidor licenciado andar armado e estar no Vale do Javari, onde prestava consultoria para os indígenas. Testemunhas disseram que Pelado teria afirmado “quero saber se ele atira bem”, segundo reportagem do O Globo. Esta quinta também marca o 4º dia de buscas por Bruno e Phillips. Ainda hoje, amigos e familiares do jornalista britânico protestaram em frente à Embaixada do Brasil em Londres, onde cobraram reforços do governo para a busca dos dois. O ato foi organizado por representantes do Greenpeace que veem lentidão nas buscas. Durante a vigília, os manifestantes também exigiram mais recursos como helicópteros. A Marinha, que faz parte da força-tarefa mobilizada na busca, disse ter enviado aeronaves para ajudar no trabalho.

Omissão do governo

No entanto, a Univaja, que desde domingo atua na busca, denuncia que não houve nenhum sobrevoo na área até agora. A lentidão, motivou a Justiça Federal da 1ª Região a exigir do governo de Jair Bolsonaro (PL) reforços imediatos para a localização de Bruno e Phillips, com o uso de helicópteros. Para o tribunal, as medidas adotadas até agora “são insuficientes diante do tamanho da área de busca”. Desde terça, também circulam por Los Angeles duas caminhonetes com telas de LED ostentando a pergunta “Onde estão Dom e Bruno?”. O veículo se posicionará na entrada do local onde ocorrerá a Cúpula das Américas, com a participação do presidente do Brasil. Bolsonaro será recepcionado também pelos veículos que expõe mensagens como “Don’t trust Bolsonaro” (não confie em Bolsonaro). No Brasil, organizações em defesa dos povos indígenas também protestaram contra o que classificam como “tentativas covardes de difamação” do trabalho de Bruno Pereira. O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, disse, na noite de ontem, que o indigenista e o jornalista britânico erraram ao não comunicar os órgãos de segurança sobre a viagem ao Vale do Javari e não pedir autorização à Funai para acessar o local. Mas, de acordo com a entidade Indigenistas Associados (INA), que reúne servidores da Funai, “não é verdade que Bruno e Dom tenham sido descuidados com solicitação de autorização de ingresso em terra indígena. Simplesmente, porque não ingressaram em terra indígena. A expedição realizada transcorreu nas imediações, mas não no interior da Terra Indígena Vale do Javari”, destacou em nota. A Univaja completou que as evidências trazidas mostram que há um “total descontrole do Estado sobre as invasões do território por infratores, sobretudo caçadores e pescadores profissionais, na porção norte da TI Vale do Javari, mais precisamente no rio Itaquaí e seu afluente Ituí; agora é um fato com provas que corroboram a voz indígena”.
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