Talebã decide não entregar bin Laden

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Publicado Sexta, 28 de Setembro de 2001 às 11:08, por: CdB

Fracassou na tarde desta sexta-feira o que talvez tenha sido a última tentativa de entendimento entre os EUA e o Afeganistão. Uma delegação do Paquistão tentou, sem sucesso, convencer o Talebã - milícia que controla 90% do país -, a entregar o dissidente saudita Osama bin Laden. Bin Laden, que estaria refugiado no Afeganistão, é apontado pelos Estados Unidos como o principal suspeito dos atentados a Washington e Nova York que deixaram mais de 6 mil mortos no último dia 11. A delegação paquistanesa, que é composta principalmente de líderes religiosos mas também inclui membros do Ministério do Exterior, esteve com o líder do Talebã, mulá Mohammed Omar, nas instalações da sede da milícia, em Kandahar. O Talebã, que está sendo pressionado pelos governos americano e britânico para entregar Bin Laden sob o risco de sofrer uma ação militar, disse que expediu um comunicado pedindo ao dissidente saudita que deixe voluntariamente o país. Segundo a milícia, que anteriormente alegara não saber onde está bin Laden, a mensagem foi entregue em mãos. Esforço final "Este é um esforço final para tentar encontrar uma solução mutuamente aceitável para a atual crise", afirmou um representante do governo paquistanês à agência de notícias France Presse, pouco antes de chegar ao encontro com o mulá Omar. O correspondente da BBC em Islamabad relata que os cléricos paquistaneses são conhecidos por sua posição pró-Talebã, nem por isso conseguiram exercer alguma influência sobre a milícia. Mensageiro "Não é como se nós pudéssemos pegar o telefone e falar com Osama, ou lhe mandar uma mensagem por fax. Ele não tem esses recursos, então o comunicado teve de ser enviado por meio de um mensageiro que provavelmente levou um certo tempo para encontrá-lo", disse o ministro de Informação do Talebã. No entanto o Talebã, que até então vinha alegando desconhecer o paradeiro de Bin Laden, não disse onde ele está. "Nós não perdemos Osama mas ele está fora da vista das pessoas", disse o embaixador do Talebã em Islamabad, Abdul Salam Zaeef, à agência de notícias Associated Press. Analistas dizem que seria problemático para bin Laden deixar o Afeganistão já que qualquer país que se dispusesse a abrigá-lo ficaria sob risco de uma ação militar americana. O Talebã tem desafiado as ameacas de ataques dos EUA, dizendo que dispõe de 300 mil combatentes para retaliar uma eventual ação militar. Os talibãs também se recusaram a libertar oito agentes humanitários internacionais, a quem acusam de tentar difundir o Cristianismo no Afeganistão, que obedece rigidamente às leis islâmicas desde que o regime fundamentalista tomou o poder, há cinco anos. Esta foi a segunda vez em duas semanas que o Paquistão pressionou, sem sucesso, o Talebã a entregar bin Laden.

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