Temer prepara lista de demissões e prevê reforma ministerial em agosto

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Publicado Sexta, 14 de Julho de 2017 às 12:48, por: CdB

Após Temer ameaçar com demissões, tucanos que restam no governo podem sair a qualquer momento, revelam fontes ao Correio do Brasil.

 

Por Redação - de Brasília

 

A ameaça do presidente de facto e sob o risco de ser apeado do cargo, Michel Temer, de demitir os integrantes dos partidos que votaram contra ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, em especial o PSDB, repercutiu muito mal na legenda. Mesmo aqueles tucanos que permaneceram na defesa do governante já ameaçam, simplesmente, deixar os cargos, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil.

— Tudo o que o Temer não deveria fazer, nesse momento, é achar que tem força suficiente para desafiar o PSDB. Principalmente, às vésperas de uma votação decisiva, no Plenário da Câmara — disse ao CdB, em condição de anonimato, o chefe de gabinete de um dos parlamentares tucanos que ainda se dizia favorável à permanência de Temer no Palácio do Planalto.

Em Plenário

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Michel Temer ameaça com a demissão os ministros de partidos que não o apoiaram na CCJ

Neste manhã, o núcleo de sustentação do peemedebista deixou vazar que prepara uma reforma ministerial, a fim de desalojar da Esplanada partidos que tenham "traído" o governo. Pretende, assim, trocar o espaço daqueles que tiveram deputados votando a favor da autorização para que o STF julgue a denúncia contra o peemedebista por representantes de bancadas com expressiva votação por rejeitar a acusação criminal.

A intenção, segundo um dirigente partidário que participou das conversas, é que a participação dos partidos no governo reflita os resultados das votações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.

Apesar da traição de partidos da base, o governo conseguiu uma expressiva vitória ao rejeitar o parecer do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar a denúncia, por 40 votos a 25, com uma abstenção.

A promessa de maior espaço na Esplanada fez parte das negociações das últimas semanas entre os partidos da base com interlocutores do presidente. A iniciativa estimulou até as direções e lideranças partidárias a fecharem questão, nos últimos dias, em favor da rejeição da denúncia.

Tucanos fora

Ao todo, quatro partidos - PMDB, PP, PSD e PR - adotaram essa posição. Na prática, ela permite às legendas aplicarem sanções aos deputados que contrariarem a orientação da legenda. PP, com seis votos, PR e PSD, com cinco cada um, trocaram integrantes da CCJ e votaram de forma unânime em favor de Temer. No PMDB, dos nove votos, sete foram a favor de Temer.

Somente o relator vencido, Zveiter, votou contra. O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (MG), absteve-se de votar. Os principais alvos das mudanças, segundo uma das fontes, deve ser o PSDB e o PSB. Os tucanos têm quatro ministérios, dentre eles o Ministério das Cidades - alvo de forte cobiça de parlamentares por ter um grande orçamento em obras - e a Secretaria de Governo, pasta palaciana responsável por fazer a articulação com os parlamentares.

O partido liberou a bancada para votar como quisesse. Dos sete votos na comissão, os deputados do PSDB deram apenas dois a favor de Temer. Cidades é hoje ocupada pelo deputado Bruno Araújo. Ele chegou a pedir demissão quando surgiram as denúncias contra Temer na delação dos executivos da JBS. A Secretaria de Governo tem como titular Antonio Imbassahy, sempre criticado pelo partido do presidente justamente por não ser um peemedebista.

Em suspenso

A interlocutores, Imabassahy confessou já se sentir desconfortável. Ele ocupa um cargo que deveria ser de extrema confiança de Temer. Mas seu partido ameaça deixar a base, há várias semanas.  Os socialistas, por sua vez, votaram rachados. Dos quatro deputados da CCJ, dois votaram a favor e dois contra. A legenda ocupa atualmente o Ministério de Minas e Energia, uma das principais pastas da Esplanada.

— Não tem cabimento esses partidos ficarem com o espaço que tem hoje no governo. É uma consequência óbvia, natural — afirmou o dirigente partidário à agência inglesa de notícias Reuters.

O PSB já havia, na prática, anunciado que sairia da base. Mas, um racha no partido e a decisão de Fernando Bezerra Coelho de permanecer no cargo deixou a decisão em suspenso. 

Estratégia

A reforma ministerial não será fechada agora. Somente após a votação da denúncia no plenário da Câmara, marcada para o dia 2 de agosto. Logo após a volta do recesso parlamentar.

O novo espaço de cada partido também só será definido após a análise final da primeira denúncia. O governo espera a votação em plenário para garantir a fidelidade do centrão antes de fazer as mudanças. 

A avaliação no Planalto é que a estratégia fará com que haja uma base aliada menor, porém mais coesa. O governo sabe que, depois da sequência de denúncias, não conseguirá manter cerca de 400 deputados na base. Mas as trocas poderão garantir resultados consistentes.

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