Presidente da federação nacional das indústrias (Keidanren) e um dos homens mais influentes do Japão, Sadayuki Sakakibara cobrou de Temer “um ambiente de investimento mais aberto, com redução de tarifas e custos, melhor ambiente de trabalho e infraestrutura”
Por Redação, com correspondente – de Tóquio
Diante do ambiente frio encontrado na reunião do BRICS (grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, na sigla em inglês), o presidente de facto do Brasil, Michel Temer, viajou a Tóquio. Ele buscava reaquecer as relações com os investidores do Extremo Oriente, ferrenhos adversários dos chineses e russos que desconfiam de sua presença no posto para o qual a pessoa eleita foi a presidenta Dilma Rousseff. Mas o resultado, segundo analistas econômicos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, foram desanimadores.
Presidente da federação nacional das indústrias (Keidanren) e um dos homens mais influentes do Japão, Sadayuki Sakakibara cobrou do Brasil “um ambiente de investimento mais aberto, com redução de tarifas e custos, melhor ambiente de trabalho e infraestrutura”. Mas, primeiramente, segurança jurídica para os investimentos no país.
Sakakibara falou, em discurso que antecedeu um almoço com Michel Temer, ministros e empresários brasileiros e japoneses no Keidanren. Ele disse esperar que o Brasil consiga aprovar reformas tributária, política, previdenciária e trabalhista. Temer se reuniu com os empresários para apresentar o programa de concessões e tentar atrair investimentos japoneses.
Investimentos
Em sua fala, Temer tentou assegurar ao empresariado daquele país de que há condições econômicas e políticas estáveis no Brasil. O ambiente, porém, era de extrema desconfiança, segundo aqueles analistas.
Atualmente, há cerca de 700 empresas japonesas no Brasil e, nos últimos anos, houve um crescimento dos investimentos. Parte deles em áreas que sofreram com a crise da Petrobras, como a indústria naval. Entre 2003 e 2016, o Japão foi o sexto maior investidor em novos projetos (greenfield) no Brasil. Investiu quase US$ 20 bilhões, 5,8% de todo o investimento no período.
O país superou a China na aplicação de recursos em atividades produtivas brasileiras — seu rival asiático investiu US$ 15 bi. Já os EUA, primeiro do ranking, investiram US$ 79 bilhões no Brasil, 23% do total.
A maior parte do investimento japonês foi feita no setor automotivo (US$ 7 bi) e em papel e celulose (quase US$ 3 bi). Siderurgia, logística, máquinas e equipamentos e eletrônicos também receberam recursos acima de R$ 1 bilhão entre 2003 e 2016.