Temer gasta mais de R$ 1 bilhão na garantia de votos de parlamentares

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Publicado Sábado, 15 de Julho de 2017 às 13:03, por: CdB

Apesar da liberação em massa de emendas aos deputados da base aliada, mandato de Temer segue em alto risco.

 

Por Redação - de Brasília

 

A despesa é do contribuinte brasileiro, mas coube ao presidente de facto, Michel Temer, denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e, em breve, por obstrução judicial e organização criminosa, liberar R$ 1 bilhão em emendas parlamentares, nos últimos 60 dias. Tamanha dedicação aos pedidos dos deputados encontra uma explicação no que disse a jornalistas o deputado Lincoln Portela (PRB-MG):

— Quem apoia, tem a verba.

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Temer joga todas as suas fichas na base aliada que ainda imagina manter no Congresso

Ainda segundo o parlamentar de um dos principais partidos da base do governo, o que se vê no Palácio do Planalto “são cenas explícitas de fisiologismo e cooptação, visando a sobrevivência de um governo moribundo”. Com ele, embora na oposição, concorda o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

— Isso já seria suficiente mais uma denúncia de corrupção para cassá-lo — afirmou Valente.

Sem temer a Opinião Pública, o peemedebista aumentou em 31% os valores liberados no mesmo período de 2016, segundo levantamento realizado por um jornal conservador carioca. Na época, Temer ocupava a Presidência da República na qualidade de interino, enquanto a presidenta Dilma Rousseff (PT) era afastada por um golpe de Estado.

Confiança total

Um dos artífices do golpe e, agora, da distribuição em massa de recursos aos deputados, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confia plenamente na derrubada da denúncia contra Temer, na Câmara.

— Sabe quando a oposição terá 342 votos? Nunca — garante Jucá. Ele se referia ao número necessário de votos para a admissibilidade da denúncia, em Plenário.

Jucá também não acredita que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trairá o atual inquilino do Planalto. Maia, primeiro da linha sucessória da Presidência, tem sido apontado por agentes econômicos como a saída imediata para a crise econômica mais resiliente dos últimos séculos, no país.

— Eu não acredito em um governo Maia porque o presidente (de facto) Michel Temer ganhou na Comissão de Constituição e Justiça. A partir de agora, quem tem de colocar 342 votos no plenário da Câmara é a oposição. O ônus é de quem quer mudar — disse Jucá, a jornalistas.

O senador, também investigado por obstrução de Justiça ao dizer que é necessário “conter a sangria” da Operação Lava Jato, faz graça com os partidos de esquerda.

— A oposição tem de sair com a lanterna na mão para ver se acha (342 votos) — retaliou.

Tucanos indecisos

Não é bem isso que pensa o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). A legenda tem sido considerada uma espécie de ‘fiel da balança’ para que Temer seja afastado, ou não, do cargo. Ele afirmou, neste sábado, que cabe ao peemedebista resolver o que acontecerá nos próximos dias, em relação aos ocupantes de sua equipe de governo. Sem titubear, Tripoli acredita que a maioria dos tucanos, na Câmara, votará para que as acusações contra Temer sejam investigadas. Se dependesse dele, afirma, o partido já estaria fora da base governista.

— Nós já tínhamos pedido que os ministros deixassem os ministérios. Agora, fica uma situação esdrúxula. Não tem sentido esse jogo de o governo querer retaliar numa troca de cargos para quem votar a favor (de Temer). Quanto mais rápido o PSDB se livrar dos ministérios, melhor. Espero que o governo não crie constrangimentos, que não se incomode de o partido votar livremente como acha que deve votar — disse Tripoli, aos repórteres.

Para Tripoli, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) poderá ser derrotado em Plenário e tem o condão de prejudicar não apenas Michel Temer. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) seria o segundo maior derrotado. Isso, afirma o parlamentar, coloca Neves, mais uma vez, no centro do picadeiro. Ainda na Presidência do partido, mesmo que afastado da função, Aécio Neves é o padrinho do novo relator.

— Os deputados estão reclamando muito porque ele (Abi-Ackel) não expressa a maioria — conclui Tripoli.

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