Timor condena dez por crimes contra humanidade

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Publicado terça-feira, 11 de dezembro de 2001 as 18:43, por: CdB

Um tribunal da Organização das Nações Unidas, ONU, apresentou seu primeiro veredicto sobre crimes cometidos contra a humanidade durante a fase de violência no Timor Leste, em 1999. Dez membros de uma milícia pró-Indonésia foram condenados a sentenças de até 33 anos de prisão por uma das piores atrocidades cometidas durante o plebiscito que decidiu pela independência do território.

Todos os condenados pertencem ao grupo Tim Alpha, uma das várias milícias criadas pelo Exército indonésio numa tentativa de obstruir a votação. Em setembro de 99, os 10 homens armaram uma emboscada contra um comboio de ajuda humanitária, matando nove pessoas. Entre elas estavam duas freiras, três padres e um jornalista indonésio.

De acordo com correspondentes, o veredicto é um passo histórico para levar os responsáveis pelo massacre à justiça. O governo da Indonésia continua negando a extradição de militares envolvidos, sendo que mais de 1.000 pessoas foram assassinadas pelas milícias pró-Jacarta após o resultado do plebiscito a favor da independência do Timor Leste.

A infra-estrutura do território também foi sistematicamente destruída. Várias pessoas já foram condenadas por homicídio, tortura e estupro. “A comunidade internacional não deve tolerar tais violações da lei e dos ditames dos direitos humanos”, disse o juiz brasileiro Marcelo Costa, no tribunal em Díli, capital do Timor Leste. O juiz preside o painel especial para crimes graves organizado pela administração transitória apoiada pela ONU.

Em agosto passado, o Timor Leste escolheu, em eleições consideradas pacíficas, políticos que administrarão o território até a independência completa no próximo ano. O painel que também inclui um juiz do Timor Leste e outro do Burundi condenou os milicianos por crimes de tortura, deportação forçada e perseguição.

O painel ainda está avaliando cerca de 700 casos de assassinatos e há relatos de que um outro integrante do grupo e membro das forças especiais do Exército indonésio teria sido indiciado, mas que autoridades em Jacarta teriam indeferido sua extradição.

A Indonésia invadiu o Timor Leste em 1975 e anexou o território no ano seguinte.