Todas as pedras se movem

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Publicado Sexta, 18 de Junho de 2021 às 06:31, por: CdB

 

Em momentos de maior dificuldade de Bolsonaro, às voltas com problemas em geral criados pelo próprio e em crescente isolamento político, não são poucos os que se apressam em proclamar que o presidente “subiu no telhado”.

Por Luciano Siqueira - de Brasília

Para compreender a tensa e complexa situação brasileira dos nossos dias o que menos ajuda são avaliações precipitadas.
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Praça dos Três Poderes
Em momentos de maior dificuldade de Bolsonaro, às voltas com problemas em geral criados pelo próprio e em crescente isolamento político, não são poucos os que se apressam em proclamar que o presidente “subiu no telhado”. Por esse raciocínio, o presidente estaria na iminência de ser afastado por um impeachment ou por outra solução institucional pactuada com a presença do Congresso e do STF. No outro extremo, bolsonaristas esperançosos e oposicionistas pessimistas enxergam na possibilidade de uma retomada da economia e de um incerto arrefecimento da pandemia, na esteira da vacinação ampliada, o presidente estaria na iminência de recuperar prestígio e apoios que o capacitariam a uma hipotética reeleição. Nem uma coisa, nem outra. Sempre é indispensável considerar o conjunto das variáveis em presença, o evolver das contradições e os movimentos táticos do atores mais influentes. Por exemplo, a tese da frente ampla oposicionista está consolidada? Em parte sim, em parte não. A realidade objetiva e a evidência de uma correlação de forças ainda adversa parecem influenciar o comportamento de uns que se convencem, pela prática, que fracionadas as oposições não podem almejar muito.

Pleito presidencial

Outros, que só admitem uma ampla coalizão de forças sob a sua hegemonia, teimam em adiar alianças mais heterogêneas para um hipotético segundo turno do pleito presidencial e persistem em cotoveladas em eventuais concorrentes do mesmo campo. Já entre os que se desiludem com o presidente em razão da sua notória incapacidade para governar e de suas diatribes contra o regime democrático, porém apostam na agenda neoliberal tupiniquim é recorrente a expectativa de que seja possível uma espécie de força-tarefa capaz de enquadrar o presidente e reconduzi-lo ao cargo para um novo período de menos insensatez e algum resultado concreto. Sonhar não é proibido, como também ninguém pode impedir que esta ou aquela força política cometa seus desatinos. Entretanto, quem quiser alterar os rumos da peleja há que refletir e agir “com as quatro patas fincadas na realidade”, como dizia o revolucionário russo Plekhanov. Para as oposições, um bom fio condutor pode ser uma plataforma eleitoral que aponte novo rumo para o Brasil pós-governo Bolsonaro.  

Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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