Tragédia espacial: Columbia parte-se ao meio

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Publicado sábado, 1 de fevereiro de 2003 as 15:48, por: CdB

Dezessete anos após a explosão do Challenger, os Estados Unidos voltaram a viver uma nova tragédia espacial neste sábado: o Columbia partiu-se em pelo menos dois pedaços, sobre a região central do Texas, a 16 minutos do pouso previsto para acontecer na base de Cabo Canaveral, na Flórida.

O Columbia – o mais antigo da frota de ônibus espaciais da Nasa – tinha sete astronautas a bordo, inclusive o primeiro israelense a viajar ao espaço.

A Nasa, a agência espacial norte-americana, perdeu totalmente o contato com o Columbia ao meio-dia, hora de Brasília (1400 GMT). Até então, a tripulação não havia relatado qualquer problema com o vôo.

Em terra, desde o Texas até o estado vizinho da Louisiana, testemunhas contaram ter ouvido um forte estrondo e visto o que parecia ser uma explosão.

Equipes de resgate de Dallas-Fort Worth, no Texas, foram rapidamente mobilizadas, enquanto a Nasa apelava à população para que se mantivesse afastada de qualquer possível destroço do Columbia.

Com o passar das horas, foram avistados destroços em um raio de centenas de quilômetros, nas regiões central e leste do estado. Alguns estavam incandescentes.

O presidente norte-americano, George W. Bush, foi informado sobre o acidente no retiro de Camp David, e retornou a Washington para preparar uma conferência sobre “acontecimento doméstico”, com a participação de todas as suas agências civis e militares.

Um funcionário da Casa Branca avaliou que, devido à altitude em que o Columbia se encontrava quando se partiu – 63.000 metros – é “altamente improvável” que tenha sido alvo de um ataque terrorista.

“Até agora, nenhuma informação indica que houve um incidente terrorista”, disse Gordon Johndroe, secretário de imprensa do Departamento de Segurança Interna. “Obviamente, a investigação está só começando, mas é o que sabemos agora”.

O policial Steve Petrovich estava de serviço em Palestine, no Texas, quando ouviu o que chamou de “barulho agudo e estrondo”, por volta das nove horas da manhã, horário local (meio-dia em Brasília).

Em Carthage, a moradora Amy Townsend contou ter ouvido um estrondo muito forte sacudir sua casa.

Segundo Townsend, houve dois ou três “barulhos altos”, que durante cerca de um minuto. Em seguida, a testemunha contou ter visto uma nuvem de fumaça.

Na periferia de Dallas, Don Farmer contou ter ouvido estrondos que duraram entre 10 e 15 segundos. Era como a explosão de dinamite, disse, e Farmer pensou se tratar de uma aeronave rompendo a barreira do som.

Uma despachante da Polícia, Jodine Langford, declarou que dezenas de pessoas, inclusive policiais, viram uma “bola de fogo”.

Situação de emergência

A Nasa declarou situação de emergência após perder contato o Columbia.

As últimas imagens do vôo do Columbia, captada sobre o estado do Texas, mostram várias trilhas de vapor acompanhando a nave. Em um momento posterior, o ônibus espacial já aparece dividido em dois pedaços.

Uma hora depois do acidente, a bandeira nacional dos Estados Unidos na base de Cabo Canaveral foi baixada a meio mastro.

O Columbia havia sido lançado no dia 16 deste mês com uma missão duplamente histórica: era a primeira vez que um astronauta israelense viajava ao espaço, justamente em uma expedição dedicada unicamente a experiências científicas.

O lançamento no Centro Espacial Kennedy aconteceu em meio a medidas excepcionalmente rígidas de segurança. Os receios desencadeados pelos ataques de 11 de setembro de 2001 foram aumentados com a presença do coronel Ilan Ramon entre os tripulantes.

Além de Ramon, a tripulação era formada pelos norte-americanos Rick Husband (comandante), William McCool (piloto), David Brown, Laurel Clark, Kalpana Chawla e Michael Anderson.

Piloto de caça da Força Aérea Israelense, Ramon vinha participando de treinamentos na Nasa desde 1998, com o objetivo de integrar a missão originalmente programada para o ano 2000.

Mas os problemas de manutenção na frota de ônibus es