Para a cassação de um parlamentar são necessários, no mínimo, 257 votos dos 512 deputados federais. Ausências e abstenções, portanto, são fundamentais para que Cunha mantenha seu mandato
Por Redação – de Brasília
Os aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já não escondem mais a intenção de evitar, a todo custo, a cassação do ex-presidente da Câmara. Com o apoio do atual dirigente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que marcou a votação em Plenário para o julgamento do antecessor para o dia 12 de setembro, uma segunda-feira, dia em que normalmente o quórum na Casa é baixo, e a 20 dias das eleições municipais, quando a maior parte dos parlamentares está envolvida nas campanhas em seus municípios de origem, os parceiros do deputado fluminense estão em estado de graça.
Para a cassação de um parlamentar são necessários, no mínimo, 257 votos dos 512 deputados federais. Ausências e abstenções, portanto, são fundamentais para que Cunha mantenha seu mandato. As manifestações de alívio por parte dos deputados que apoiam Cunha, apesar de seu envolvimento em escândalos de corrupção, se multiplicam nos corredores da Casa.
— Não somos nós que vamos lutar para não votar no dia 12 (de setembro). Os próprios que querem ver Cunha cassado não vão querer votar quando virem que não haverá quorum — comentou Paulinho da Força (SD-SP), em declaração a jornalistas do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
Para o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que também comemora o ardil, o quórum não pode ser controlado pela Câmara nesse período.
— Estamos cada um no seu Estado cuidado de eleições. É um período em que a Casa não tem controle sobre a frequência dos parlamentares — confessa.
Após o anúncio da data para a sessão, na outra ponta, os deputados que defendem a cassação se revoltaram com o claro gesto de proteção de Rodrigo Maia ao peemedebista.
Líder do partido Rede de Sustentabilidade, o deputado Alessandro Molon (RJ) avisa que apresentará um requerimento para que a votação seja adiantada e o caso julgado em até 24 horas.
— É inaceitável o dia 12 de setembro, uma data que está a 19 dias das eleições. É uma data que tem tudo para não dar certo, seja pela proximidade das eleições, seja por ser em uma segunda-feira — afirmou.
Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), a decisão do presidente da Câmara é escandalosa.
— Maia cancelou todos os trabalhados da semana que vem para não cassar Eduardo Cunha, ele aponta que a votação ocorra apenas em 16 de setembro. Isso é um deboche contra a população brasileira. O parlamento está em pleno quórum. Me responda por que ele não marca essa votação para amanhã, por exemplo — concluiu