Transparência Internacional elogia esforços do Brasil contra a corrupção

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Publicado Quarta, 25 de Janeiro de 2017 às 08:03, por: CdB

"Ano de 2016 mostrou brasileiros nas ruas, exigindo mudanças", destaca Transparência Internacional. Apesar de leve melhora na pontuação, Brasil cai mais três posições no ranking de percepção da corrupção da organização

Por Redação, com DW - de Brasília:

A Transparência Internacional elogiou os esforços de combate à corrupção no Brasil. Ao publicar seu Índice de Percepção da Corrupção, ranking produzido e divulgado anualmente, a entidade disse que "o país demonstrou neste ano que, através do trabalho de organismos independentes encarregados da aplicação da lei", é possível levar pessoas "antes consideradas intocáveis" a prestar contas à Justiça.

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A Transparência Internacional elogiou os esforços de combate à corrupção no Brasil

A ONG reconhece, entretanto, que a pontuação do Brasil no ranking de percepção da corrupção "tem caído significativamente em comparação com cinco anos atrás. Depois da revelação de sucessivos escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários de primeira linha".

No novo levantamento, o Brasil apresenta ligeira melhora de pontuação, com 40 pontos (dois pontos a mais que na pesquisa anterior). Embora passe a ocupar a posição 79, ao lado de Belarus, China e Índia, de uma lista com 176 países.

No ranking de 2015, o Brasil estava na posição 76, acompanhado de Bósnia e Herzegovina, Burkina Faso, Índia, Tailândia, Tunísia e Zâmbia. Em 2014, estava na posição 69, com 43 pontos. A margem de erro é de 4,3 pontos.

Surpresa

A leve melhora na pontuação deste ano surpreendeu até mesmo os especialistas da Transparência Internacional. "É uma surpresa porque o Brasil é um país que vinha caindo no índice e onde houve escândalos de corrupção nos últimos cinco anos. E neste ano, vemos que há uma pequena melhora". Avalia em entrevista à agência alemã de notícias DW, o diretor do departamento de pesquisa da Transparência Internacional, Finn Heinrich.

Ele considera que a população brasileira foi uma das responsáveis por isso. "O ano de 2016 realmente mostrou como brasileiros comuns foram às ruas. Exigiram mudanças, fartos de corrupção", ressalta. "E também mostra como o Judiciário, as autoridades de aplicação da lei, estão levando a sério e começaram uma grande campanha para investigar a corrupção no nível mais alto", sublinha.

Neste ano, houve mais países descendo posições no ranking do que subindo. Das 176 nações que integram o Índice, 69% tiveram uma pontuação inferior a 50. Em uma escala de 0 (percepção de altos níveis de corrupção) a 100 (percepção de muito pequenos níveis de corrupção). Segundo a Transparência Internacional, "isso deixa em evidência o caráter amplo e generalizado da corrupção no setor público a nível mundial".

– Os casos de corrupção em grande escala, desde Petrobras e Odebrecht, no Brasil, até o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovitch. Mostram como a colusão entre empresas e políticos tira de economias nacionais bilhões de dólares de arrecadação, desviados para beneficiar uns poucos, às custas da maioria". Diz a Transparência Internacional, através de comunicado. "Este tipo de corrupção em grande escala e sistêmica redunda em violações dos direitos humanos, freia o desenvolvimento sustentável e favorece a exclusão social."

Governos não cumprem promessas

O novo índice de corrupção da Transparência Internacional confirma uma outra tendência que preocupa. Em todo o mundo, governos afirmam querer combater a corrupção, mas geralmente estas são palavras vazias.

– Os governos sabem o que público e bancos querem ouvir, mas não transformam em ação as suas palavras – lamenta Heinrich, que avaliou, junto com sua equipe, os dados dos Índice de Percepção da Corrupção.

O levantamento é realizado através de questionários respondidos por especialistas, instituições e think tanks de todo o mundo como, por exemplo, o Banco Mundial, a Fundação Bertelsmann ou a ONG internacional Freedom House.

Heinrich também salienta a relação entre desigualdade social e corrupção. Segundo ele, esta não é uma tendência observada apenas em países específicos, mas um fenômeno global. "Para mim, como pesquisador, a estreita relação entre a desigualdade e a corrupção foi surpreendente. Ambas andam juntas, e há um círculo vicioso, com mais corrupção e mais desigualdade."

Duas das melhores armas contra a corrupção são, segundo ele, uma opinião pública atenta e uma imprensa livre. Heinrich cita como caso exemplar os cidadãos brasileiros, que foram às ruas no ano passado para protestar contra a corrupção no país.

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