Lula promete ‘brigar até as últimas consequências’ para manter de pé sua candidatura, mas PT reconhece que fica mais difícil.
Por Redação - de Brasília, Porto Alegre e São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou, nesta quarta-feira, em reunião da bancada do PT, as consequências do anúncio, na noite passada, do prazo que lhe resta antes do julgamento no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-IV), em 24 de Janeiro do ano que vem. Lula prometeu “brigar até as últimas consequências” para provar sua inocência. O líder petista também disse ser inabalável sua vontade de se candidatar novamente, no ano que vem.
— Eu quero deixar vocês tranquilos. Quero ser inocentado e aí ser candidato — disse. Mas sabe, diante do quadro de perseguição política que denunciou, na passagem da caravana que o levou aos Estados nordestinos e do Sudeste, que aumentaram, substancialmente, as chances de ser condenado antes que possa consolidar sua candidatura.
PT reage
A disposição dos magistrados de intervir no processo eleitoral de 2018 tem ficado clara na participação de juízes em programas de auditório, recepções promovidas por partidos de ultradireita e em entrevistas coletivas cada vez mais frequentes. Lula criticou o que considera como “pactuação diabólica” entre MPF, PF e imprensa.
— As pessoas falam do resultado da sentença um ano antes do processo. Eu quero é que reconheçam a minha inocência. Se o (juiz Sérgio) Moro tinha tanta certeza que o apartamento era meu, ele que me dê uma autorização pra vender — desafiou Lula
Para o ex-presidente, o objetivo do julgamento no TRF-4 é tentar evitar que o PT volte ao governo.
— Nós aqui no Brasil ainda estamos um pouco anestesiados. Só tem um jeito: reagindo. Quem achar que ficar quieto é a saída, não vai sobreviver — analisou para então propor que a militância reaja aos ataques dos adversários.
Lula preso
Sobre a acusação de que ele está fazendo “campanha eleitoral antecipada”, lula disse que é a (Rede) Globo e a (revista semanal de ultradireita) Veja que anteciparam a disputa.
— Se tem alguém fazendo campanha nesse país é a Rede Globo. Se a gente não reagir vai prevalecer o que eles dizem — disse.
A eventual condenação de Lula, em janeiro, no caso do tríplex, vai antecipar a discussão sobre a possibilidade de ele ser preso já em 2018. A previsão é de criminalistas que acompanham o caso de perto.
O processo a que Lula responde, no TRF-IV, será julgado antes que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha resolvido se altera, ou não, a regra determina a prisão do condenado em segunda instância, antes do trânsito em julgado. É exatamente o que ocorre com o líder petista. Assim, Lula poderá ser preso, antes que esta norma caia, conforme dita tendência no STF.
Perseguição
Segundo os mesmos criminalistas, se condenado Lula pode ter a prisão determinada pelo próprio tribunal, de imediato. Caso a corte seja omissa, a ordem de detenção pode ser expedida pelo juiz Sergio Moro, horas depois do resultado.
Lula ainda pode apresentar recursos a tribunais superiores para evitar ser recolhido à prisão, mas há controvérsia quanto à questão. A discussão, porém, tende a ocorrer em plena campanha eleitoral.
Dentro do PT, o tempo recorde do andamento do processo tem sido encarado como a justificativa ideal para demonstrar o viés político do julgamento, escancarando a perseguição judicial. A defesa do líder petista levanta dados comparativos do andamento de recursos de processos no âmbito da Operação Lava Jato.