Tropas libanesas assumem sul do Líbano

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Publicado quinta-feira, 17 de agosto de 2006 as 11:02, por: CdB

Tropas libanesas começaram a chegar ao sul do Líbano nesta quinta-feira, entrando em contato com soldados da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) para assumir o controle sobre redutos do Hezbollah enquanto os militares israelenses saem da região. Combatentes da guerrilha desapareciam à medida que os soldados do Líbano atravessavam o rio Litani, localizado a cerca de 20 quilômetros da fronteira com Israel, disseram membros das forças de segurança e testemunhas.

Um cessar-fogo patrocinado pela ONU colocou fim, na segunda-feira, aos 34 dias de combate entre o Estado judaico e o Hezbollah. A trégua faz parte de uma resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU, que também prevê o envio de soldados do Líbano para o sul do país e o estacionamento, ali, de uma força de paz ampliada, envolvendo até 15 mil integrantes.

Mais de 100 caminhões, veículos blindados e jipes atravessavam uma ponte improvisada sobre o rio Litani em direção à cidade de Marjayoun, de maioria cristã e localizada a 8 quilômetros da fronteira com Israel. Alguns veículos rebocavam peças de artilharia. Outros levavam soldados e equipamentos. Membros da força de paz da ONU, a Unifil (que conta atualmente com 2 mil membros), os observavam cruzar o rio.

Dezenas de pessoas reuniram-se nas estradas agitando bandeiras do Líbano e atirando arroz e flores para comemorar a chegada dos militares. “Que Deus os proteja”, gritou Khadeeja Sheet, de 64 anos, quando os soldados passavam. “Apoiamos apenas o nosso Exército”.

Outras unidades atravessaram o Litani em Qasmiyeh e devem ficar estacionadas na região que cerca a cidade portuária de Tiro, disseram membros das forças de segurança.

– Todos queremos o Exército e todos queremos a estabilidade – afirmou Hossam Qassem, proprietário de um posto de gasolina do vilarejo de Debbine, um reduto do Hezbollah duramente atingido pelos bombardeios realizados por Israel durante sua campanha militar.

O Exército israelense afirmou ter começado a “transferir a responsabilidade” pelo sul em um processo escalonado que “depende do reforço da Unifil e da capacidade do Exército libanês de controlar efetivamente a área”.

Durante a guerra, os ataques aéreos de Israel mataram 39 soldados libaneses e destruíram os radares costeiros, a pista de duas bases e vários entrepostos dos militares do Líbano.

Enquanto os soldados libaneses avançavam rumo ao sul, os guerrilheiros do Hezbollah desapareciam da vista. Mesmo membros desarmados do grupo, vistos nos últimos dias circulando pela área e dando instruções aos jornalistas, não eram mais vistos.

O grupo xiita prometeu cooperar com os soldados do Líbano e da ONU. Mas o Hezbollah deixou claro que não abrirá mão de suas armas e que não sairá do sul libanês. E também não se comprometeu a livrar-se dos foguetes que lançou sobre o norte israelense durante o conflito.