Os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), ambos citados na ‘Lista de Fachin’ como investigados na Operação Lava Jato, evitam aparições públicas. Neves segue em Belo Horizonte e Serra permanece internado em um hospital paulistano
Por Redação - de Belo Horizonte e São Paulo
Principais nomes do PSDB, no cenário nacional, os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), citados nos processos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, têm evitado a exposição pública. O ‘Mineirinho’, como Neves é citado na lista de apelidos da Construtora Norberto Odebrecht, entre aqueles que recebiam volumosas quantias de dinheiro sujo, segundo os delatores, estaria encerrado em seu escritório.
Nas colunas de um dos diários conservadores paulistanos, neste sábado, um jornalista revela que o suspeito, investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR) “está em Belo Horizonte preparando sua defesa nos cinco inquéritos que responde sobre acusações feitas pela Odebrecht", diz a nota.
Aécio Neves, conforme autorizou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), precisará explicar o recebimento de propina da Odebrecht no valor de R$ 7,3 milhões para campanhas eleitorais do PSDB. Parte dos pagamentos teriam sido feitos no exterior, disseram os delatores.
Muito a explicar
De acordo com a PGR, dois delatores da Odebrecht apontaram, por meio de declaração e provas documentais, que, em 2010, "vantagens indevidas" no total de R$ 5,5 milhões, a pedido de Aécio. O dinheiro sujo teria sido pago "a pretexto de campanha eleitoral" ao governo de Minas de Anastasia.
Em outro inquérito, o ex-governador mineiro é investigado ao lado do deputado Dimas Fabiano (PP-MG). O pedido é baseado nas colaborações premiadas da Odebrecht. Segundo o Ministério Público, os delatores "apontam, por meio de declaração e prova documental que, em 2014, pagaram, a pedido do Senador Aécio Neves, vantagens indevidas a pretexto de campanhas do próprio Senador à Presidência da República e de vários outros parlamentares, como Antonio Anastasia, Dimas Fabiano e José Pimenta da Veiga Filho".
O terceiro inquérito investiga relatos de pagamento de propina a Aécio vinculados à construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira. Os pagamentos teriam sido feitos em conjunto com outra empreiteira investigada pela Lava Jato, a Andrade Gutierrez. Os repasses teriam sido feitos em parcelas de R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. Segundo os delatores, Aécio seria o "Mineirinho" da planilha do setor de propina da empreiteira.
Internado
Em condição mais desconfortável encontra-se o colega paulista de Aécio Neves. O senador José Serra permanecia internado desde segunda-feira, sem previsão de alta, no hospital Sírio Libanês. Operado da coluna em dezembro, o tucano se queixava de fortes dores nas costas. Ele aproveitou a internação para fazer um check-up geral e evitar o assédio da imprensa. Serra também se encontra citado na ‘Lista de Fachin’.
O problema na cervical foi a razão que o tucano alegou para deixar o posto que ocupava, no governo Temer. Chefiava o Ministério das Relações Internacionais, até fevereiro. Em carta, afirmou que as questões de saúde o impediam "de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função".