Uma semana aprisionada. Uma semana de luta

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Publicado Sexta, 13 de Abril de 2018 às 14:14, por: CdB

Na semana passada comentávamos o julgamento de cartas marcadas. Um julgamento partidarizado, reunindo campos míopes para o devido processo legal, para o exercício natural.

 

Por Maria Fernanda Arruda - de Curitiba

 

O domingo amanheceu triste com tamanha injustiça cometida por este judiciário desconstituinte! Este, que golpeia  a política, golpeia um frágil contrato social firmado em 1988 e, naturalmente, desconhece dispositivos constitucionais consagrados internacionalmente. Onde todo cidadão é inocente até que se prove o contrário, superadas todas as instâncias e recursos disponíveis. Triste país dividido pela intolerância, vivenciando um dos piores processos de fascistização, em pleno século XXI. 

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Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

Na semana passada comentávamos o julgamento de cartas marcadas. Um julgamento partidarizado, reunindo campos míopes para o devido processo legal, para o exercício natural.

Para o maior líder destes últimos 50 anos, se encerrava um ciclo de liberdades democráticas, políticas, sindicais, sociais, ao ver estampado em todos os jornais do mercado de notícias, versadas na reciprocidade de uma grade publicitária. Mercado de notícias parciais, editoriais recheados do ódio, covarde e tacanho.

Foram 72 horas, onde a inteligência do Lula, uma vez mais deixou aflorar sua capacidade de traduzir o fato, o dado, o caso, o abuso, o preconceito, de forma pedagógica. Afinal, lá estava o único que poderia reconstruir a trilha do desenvolvimento inclusivo em tempos de crise mundial, entre intervenções virtuais, midiáticas e bélicas.

72 horas

Foram 72 horas, em um sindicato, com história na luta democrática contra ditadura, onde operários do ABC deram o grito coletivo contra relações trabalhistas injustas e por melhores condições de trabalho!

Foram 72 horas, livres para reconstruir a trilha da solidariedade à um líder que foi preso injustamente, também pelos anos 70, do século passado.

Foram 72 horas, para meditarmos sobre o governo Lula que inseriu os pobres na economia, inseriu o país no mundo das relações internacionais, com todo respeito. Meditarmos sobre este homem das inserções, muitas incompreendidas pelo stafe que o rodeia, por vezes dependente integral.

O ápice destas incompreensões apareceram na resistência, por vezes infantil, em deixar a vida levar seu líder, desejoso de midiatizar por 72 horas sua presunção constitucional de inocência, para se entregar de cabeça erguida às autoridades, algumas sem muita autoridade ou estatura pública.

Curitiba

A foto que circulou o mundo, captava o sentido cultivado por este líder, agora aprisionado, com cada um dos seus seguidores, com cada um dos defensores da democracia, há tempo golpeada.

Curitiba em ocupação permanente…

“Eles não vão prender meus pensamentos, não vão prender meus sonhos. Se não me deixarem andar, vou andar pelas pernas de vocês. Se não me deixarem falar, falarei pela boca de vocês. Se meu coração deixar de bater, ele baterá no coração de vocês”, já repercutiam no providencial acampamento em frente às dependências da PF da capital paranaense.

Verdadeiras caravanas se organizaram por todo o país, em solidariedade ao Lula. Namorados (as ), companheiros (as) eram surpreendidos com o comunicado de uma ida à Curitiba. Mães acompanhadas pelos filhos e nora na ida à Curitiba.

Homens, mulheres, de todo país, escrevendo cartas para o ex-presidente Lula, um preso político na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, no Paraná, desde o último sábado. Na manhã de quarta-feira, foi grande a movimentação dos que queriam mandar palavras de apoio e solidariedade ao presidente mais querido do Brasil. São pessoas acampadas ou apenas passando pelo Acampamento Lula Livre, instalado nas proximidades da PF, no bairro de Santa Cândida.

Bom dia, Lula!

A barraquinha para que as pessoas possam escrever cartas à Lula foi montada no local de resistência, onde centenas de pessoas se revezam ou acampam pedindo a liberdade de Lula. Fica perto da praça Olga Benário, como foi batizado o cruzamento das ruas Guilherme Matter e Barreto Coutinho.

É lá o lugar onde acontecem os atos políticos e culturais do acampamento, desde o primeiro dia. O sábado mais triste da história; quando Lula decidiu cumprir a ordem Judicial.

Por lá passaram os pré-candidatos Boulos e Manuela; nove governadores do norte-nordeste: Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Rui Costa (PT), da Bahia; Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; Wellington Dias (PT), do Piauí; Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba; Camilo Santana (PT), do Ceará; Renan Filho (MDB), de Alagoas; Tião Viana (PT), do Acre; e Waldez Góes (PDT), do Amapá.

Retorno anunciado

Além deles, os senadores Roberto Requião (MDB-PR); Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ); deputados, vereadores, lideranças sindicais, intelectuais, artistas. Todos desautorizados à visitar o companheiro, o líder, o amigo, o conhecido, a referência, enfim, o ser humano especial.

Todos os dias um grito ecoa nas imediações da PF:

“Bom dia, Lula! Boa tarde, Lula!, Boa noite!

Uma boa semana de luta, diria.

Estamos todos voltando todos os dias… A luta pela consolidação democrática exige nossa volta às ruas, praças, fábricas, bairros, parlamentos, fóruns, ministérios, palácios.

Um final de semana de lutas, um mês de lutas e uma letra com todo o sincronismo necessário, para o retorno anunciado.

Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.

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