Os estudantes voltaram a protestar na quinta-feira nas galerias da Assembléia Legislativa.
Os universitários lotaram a galeria do plenário para pressionar os deputados a votarem contra o veto do governador Geraldo Alckmin ao projeto que aumentava de 30% para 31% do orçamento as verbas para educação.
Pelo regimento, a Assembléia precisa discutir o tema por 12 horas antes da votação. Para derrubar o veto são necessários 48 votos.
Os estudantes fizeram trenzinho e mostraram dinheiro aos parlamentares que discursaram a favor do veto. Alguns deputados chegaram a discutir com os universitários.
As duas discussões feitas até agora garantiram 3 horas e meia de debate do tema.
Os universitários têm pressa, já que o governador Geraldo Alckmin tem até o dia 30 para entregar o orçamento do próximo ano. Depois disso, o veto não pode mais ser alterado pelos deputados.
Depois da plenária, eles saíram em passeata até a Avenida Paulista, causando naquela região da cidade um congestionamento fora de hora, perto da meia-noite.
Alunos da USP, Unicamp e Unesp ficaram acampados na frente da Assembléia Legislativa durante todo o dia de ontem.
Parte do grupo dormiu dentro do plenário da Casa. Três estudantes e um repórter cinematográfico da TV Globo foram feridos na noite anterior durante confronto com a Polícia Militar.
O comandante da Polícia Militar na zona sul, coronel Júlio Antonio Gonçalves, afirmou em entrevista ao SPTV que a polícia agiu porque os estudantes tentaram impedir o trânsito e o direito de ‘ir e vir’ de outras pessoas.
A manifestação durou cerca de cinco horas e o tumulto começou quando um grupo de universitários tentou bloquear o trânsito na Avenida Pedro Álvares Cabral, ao lado da Assembléia Legislativa.
Pelo menos 10 bombas foram atiradas contra o grupo e uma delas, atirada dentro de um bueiro, atingiu o repórter cinematográfico, que sofreu ferimento na coxa.
Na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio o tumulto se repetiu. Um táxi furou o bloqueio dos estudantes e quase atropelou um.
O grupo revidou atirando pedras. Treze estudantes foram levados para a delegacia e liberados a seguir.
– Houve 5 horas de manifestação pacífica. Quando um grupo impediu o trânsito local a Polícia Militar foi preservar a ordem pública. Eles foram com a intenção de interromper o trânsito – disse o coronel da PM.
O protesto dos universitários não mudou a opinião do governador Geraldo Alckmin, que pretende manter o veto a um aumento de verba para as universidades públicas do estado de R$ 470 milhões em 2006.
Segundo ele, para aumentar a verba para as universidades seria preciso tirar do ensino fundamental e médio.
– Vou tirar de 6 milhões de alunos. Se aumento o dinheiro para USP, Unesp e Unicamp, com 120 mil alunos, vou tirar do ensino fundamental e médio. Não é correto cada vez engessar mais o orçamento – declarou o governador em entrevista a um programa de televisão.
Perguntado sobre se houve excesso da polícia no confronto com os estudantes, o governador afirmou que a polícia “sempre tem experiência no trabalho com o público”, mas que as imagens foram gravadas e serão verificadas.
– Os estudantes tem no meio especialistas em fazer confusão. É preciso separar estudantes do pessoal engajado – afirmou.
Alckmin afirmou que, por lei, o estado de São Paulo tem de investir 30% do orçamento em educação e, deste percentual, as três universidades ficam com 9,57%.
Ele argumenta, porém, que o gasto com ensino superior já é acima deste percentual, pois ele não inclui, por exemplo, a verba das Fatecs, que são as faculdades técnicas.
O projeto que o governador vetou eleva o percentual de 9,57% para 10%.