Um grupo de homens mascarados incendiou dois ônibus na Grande Paris durante a madrugada desta quinta-feira, disse a polícia na quinta-feira, numa onda de violência às vésperas do primeiro aniversário dos distúrbios nas periferias da França. Os passageiros conseguiram fugir dos ônibus na localidade de Nanterre, a oeste de Paris, e Bagnolet, a leste. No ataque de Bagnolet, um dos agressores colocou uma pistola na cabeça do motorista, enquanto outros encapuzados retiravam os passageiros.
No domingo, em plena luz do dia, um ônibus havia sido atacado na periferia sul da capital francesa. Jovens dos subúrbios, habitados em grande parte por estrangeiros e descendentes, vêm realizando vários ataques nas últimas semanas, aparentemente coordenados. A polícia disse que a violência aumenta conforme se aproxima o 27 de outubro, aniversário do início dos distúrbios do ano passado, que duraram três semanas. Na época, carros foram queimados e lojas foram saqueadas em protestos contra a pobreza e a discriminação.
– Não podemos aceitar o inaceitável. Recusamo-nos a ver zonas de exclusão criadas no nosso país. Haverá prisões e punições imediatas, exemplares – disse o primeiro-ministro Dominique de Villepin em sua entrevista coletiva mensal.
A ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie, disse a uma TV que os vândalos serão acusados de “tentativa de homicídio”. A polícia pediu que testemunhas se apresentem, e os motoristas de ônibus se recusam a entrar em alguns dos subúrbios mais tensos, em protesto contra a violência. É comum que carros sejam queimados em subúrbios pobres da França, mas contra ônibus esse tipo de ataque é raro.
No primeiro semestre de 2006, cerca de 21 mil carros foram incendiados, e houve outros 2.882 ataques contra policiais, bombeiros e ambulância, segundo a polícia. A oposição de esquerda acusou na quinta-feira o governo de não se empenhar em resolver as tensões nos subúrbios que cercam a maioria das cidades.
“É hora de o governo reagir. Trata-se de uma emergência”, disse nota do Partido Comunista, que tradicionalmente tem boa votação nos conjuntos habitacionais da capital.
Mas Villepin disse que seu governo fez mais do que qualquer outro para melhorar a vida nos subúrbios:
– Claramente todos os problemas não vão se resolver em um dia. Porém, este governo realmente fez mudanças, mudanças que são de longo prazo e que começam a dar frutos.
A segurança nos subúrbios deve ser um dos principais temas da eleição presidencial de 2007. O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, disputa a indicação pelo partido conservador do governo com promessas de linha-dura contra o crime.