No dia do aniversário de 50 anos do suicídio que convulsionou o país, o Brasil lembra a morte da sua mais importante figura política. Getúlio Vargas governou o país por 24 anos e suicidou-se com um tiro no peito em 24 de agosto de 1954, saindo da vida e entrando para a história. Ele será homenageado nos dois Estados em que deixou mais seguidores.
No Rio de Janeiro, uma escultura de Gregório Fortunato, pivô da crise que levou Getúlio Vargas ao suicídio, será o ponto alto da exposição “Getúlio 50 anos depois”, que inicia nesta terça-feira no Museu da República, antigo Palácio do Catete. A obra, de três metros de altura, é de autoria dos artistas plásticos Jean Pezé e Paulo Formaggini.
A exposição conta com mais de mil peças, entre objetos pessoais, obras de arte, fotografias e documentos que compõem o acervo do Museu da República. Vários eventos estão programados até o final de janeiro de 2005.
Nesta segunda-feira, a prefeitura fluminense inaugurou o Memorial Getulio Vargas, na Glória.
– Esse memorial, ao resgatar a memória de Getulio Vargas, está na realidade resgatando um período da História que estava meio caído no esquecimento. A gente preenche uma grande lacuna histórica e presta uma justa homenagem a um dos grandes ícones da nossa política – disse o secretário municipal de Culturas, Ricardo Macieira.
O memorial, que será aberto ao público nesta terça à noite é composto por um monumento com duas colunas de 17,5 metros de altura, um lago com 1.500 m2, um busto de bronze de três metros de Getulio Vargas e um museu subterrâneo que abrigará uma exposição permanente sobre o ex-presidente.
A obra teve um custo de R$ 4 milhões e durou cerca de oito meses. O projeto do monumento, do arquiteto Henock de Almeida, foi escolhido em um concurso promovido em 1984, pelo então governador Leonel Brizola, mas só pôde ser concretizado 20 anos depois.
No Rio Grande do Sul, uma liminar da concedida pela juíza Mônica Marques Giordani, de São Borja, permitiu que os restos mortais de Getúlio Vargas sejam trasladados para um mausoléu construído na Praça 15 de Novembro, no centro da cidade natal do presidente. De acordo com a Zero Hora, São Borja se dividiu entre os que apoiaram a remoção e os que a consideraram uma violação do cemitério histórico.
Líderes do PDT e do PTB do Rio Grande do Sul comparecem hoje à São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, para participar das homenagens a Vargas, ainda sem horário definido. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB), representará o Palácio do Planalto.
No evento, Rebelo anuncia a liberação de R$ 345 mil do orçamento do Ministério da Cultura para a restauração da residência do ex-presidente Getulio Vargas em São Borja. A casa será transformada em museu. Em Brasília, os senadores realizarão sessão especial às 10h em homenagem ao ex-presidente. Na Câmara também haverá sessão solene, no mesmo horário.
Trabalhistas
O Movimento Sindical do PDT do Rio de Janeiro também programou uma série de eventos para marcar a data. Hoje pela manhã, na Cinelândia, está prevista uma queima de fogos junto ao busto do estadista. Em seguida, seriam colocadas flores no pedestal da estátua. A seguir, os pedetistas fariam a leitura da carta testamento nas escadarias da Câmara Municipal.
Logo após, o diretor de teatro, Aderbal Júnior, que todos os anos produz a Paixão de Cristo, na Lapa, faz com atores de sua companhia uma encenação sobre o suicídio de Vargas. À tarde, o Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST-Rio) promove na subsede da Confederação Nacional do Comércio, na Cinelândia, um ciclo de palestras coordenado por José Augusto Ribeiro, jornalista e escritor do livro A Era Vargas.