Enquanto a imprensa brasileira malha o governo, com pose de uma honestidade que não tem; enquanto o primeiro-ministro francês Dominique De Villepin, corre o risco de perder o cargo por ter tentado puxar o tapete do seu concorrente do mesmo partido, Nicolas Sarkozi; enquanto todo mundo se prepara para o Mundial do Futebol, outra coisa mais grave e mais perigosa se passa ao lado do Iraque.
É a ameaça de uma nova guerra capaz de gerar atentados na Europa e terminar em conflito nuclear. Gente ligada em filmes de catástrofe já viu mesmo uma semelhança no sobrenome do presidente iraniano, Ahmadinejad, com aquela profecia bíblica do Armagedon, a última grande guerra mundial antes do fim de tudo, segundo o visionário João, na ilha de Patmos.
Estranho senhor Bush, responsável por ter aberto a Caixa de Pandora e desestabilizado o Oriente Médio com uma guerra baseada numa mentira (a da existência de armas de destruição maciça), acabou vitima de sua própria ideologia guerreira. Mesmo que o Irã se transforme numa ameaça com a fabricação de bomba nuclear, Bush não conseguirá mais arrastar os americanos a uma nova aventura. Apesar de ignorantes em história e geografia, os ingênuos americanos criacionistas ainda crentes em historias de Adão e Eva, já perceberam ter sido precipitada a invasão do Iraque, cujo saldo negativo vai chegando ao três mil soldados mortos.
A sorte de Bush e de Rumsfeld é os americanos desconhecerem que os EUA, na ganância pelo petróleo e pelo controle da região, destruíram o único país laico do Oriente Médio e favoreceu o reforço do fundamentalismo islamita. Quando no futuro se explicar o declínio do império norte-americano, uma boa dose de imbecilidade da CIA será responsabilizada. Ao destruir o Iraque não religioso, os EUA criaram as condições ideais para a emergência iraniana. Quase a mesma história da criação dos mujaidins afegãos com o financiamento da resistência aos soviéticos, que, na época, queriam impedir o expansionismo do fundamentalismo islamita.
Agora, o Irã quer preparar urânio enriquecido para as centrais nucleares vendidas pela Rússia, pretexto para a fabricação da bomba nuclear. Como os iranianos já possuem mísseis de longo alcance, a preocupação não é só de Israel, mas dos europeus. Ou se trata apenas de um justo desejo iraniano de entrar no clube dos paises dotados do poder nuclear, sem outras intenções?
Estranha ironia – os EUA envenenaram o Médio Oriente com a destruição de um Sadam Hussein e um Iraque sem armas e vão ter de contemporizar e conviver com um Irã, em pouco tempo, potencia atômica. Resultado – os americanos irão reviver os pesadelos da guerra fria, quando dormiam mal com medo de um ataque nuclear.
Quanto tempo para os iranianos fabricarem a bomba? Dois anos no máximo, dizem os especialistas. E se os EUA destruíssem os laboratórios fabricantes da bomba? Ninguém parece se arriscar a defender essa idéia, nem Rumsfeld. Seria botar fogo no planeta e, como ameaçou Ahmadinejad, o Irã exportaria dezenas de milhares de kamikazes para explodirem nos paises responsáveis.
Será que um embargo econômico ao Irã poderá demover o presidente iraniano do objetivo atômico? Essa parece a última esperança americana e mesmo européia. Enquanto isso se decide, como não podemos em nada interferir, vamos torcer pelo Brasil no Mundial. Porém, até essa festa corre o risco de ter momentos tensos: o presidente iraniano, que não reconhece a existência de Israel e que é negacionista, ou seja, não reconhece ter havido holocausto de judeus pelos nazistas, promete ir à Alemanha torcer pela equipe iraniana. De acordo com a lei alemã, Ahmadinejad deveria ser preso ao desembarcar. E se o Irã se qualificar para jogar contra os EUA? Por enquanto, tudo esta em terreno neutro: imitando o Brasil, a equipe iraniana vem treinar na Suíça, em Spiez, e a Suíça é o pais mediador entre o Ira e os EUA, tanto que o Irã entregou à Suíça a carta do presidente iraniano, destinada ao pr