|
Congresso em chamas no Paraguai… |
Mas, as opções que lhe têm sido antepostas nestes tristes trópicos não conseguiram ser melhores, salvo exceções de praxe, como o bravo socialismo chileno de Allende, extirpado a ferro e fogo pelos gorilas do Pinochet, com descarado patrocínio estadunidense.
Ora são regimes meramente populistas e reformistas como o brasileiro de Lula e Dilma, que a burguesia achou conveniente usar durante certo tempo e, depois que perdeu a utilidade, jogou fora com um peteleco.
Ora são caudilhismos perdidos no tempo e no espaço, que desabam tão logo o caudilho morre ou sai de cena, sem que nada de consistente reste como herança, pois não era o povo organizado que estava no poder, mas sim um homem providencial que substituía o povo.
|
…e protestos contra o golpe judicial na Venezuela. |
E, no extremo oposto, ditaduras sanguinárias e repulsivas de direita, que fizeram do nosso continente uma terra arrasada nas décadas de 1960 e 1970.
Nada indica que, neste ano da graça de 2017, a democracia burguesa dos países hermanos possa dar lugar a uma verdadeira democracia, que não servisse apenas para eternizar a exploração do homem pelo homem, mas respaldasse a priorização do bem comum, com igualdade econômica e liberdade política.
Então, ao contrário do bordão do nobre deputado Tiririca, pior do que está pode ficar, sim.
Na Venezuela, um governo catastrófico não quer largar o osso e adota medidas escrachadamente autoritárias, sendo, contudo, obrigado a recuar quando o mundo inteiro clama ditadura!. Como o que se prenuncia é um banho de sangue, melhor seria Nicolas Maduro reconhecer que seus pés não cabem nos coturnos de Chavez e permitir a alternância no poder.
Afinal, a Venezuela já chegou ao que deveria ser o fundo do poço, mas continua indo para baixo, sabe-se lá até quando. Como resumiu Clóvis Rossi:
“O problema da Venezuela (…) é também o de um monumental fracasso administrativo, que jogou na miséria um dos países mais ricos do subcontinente.
…a economia declinou quase 26% nos últimos três anos, índice que nem países em guerra conseguem registrar.
A inflação passa de 500% e os níveis de pobreza crescem sem parar: pesquisa apresentada em fevereiro por três universidades mostrou que, pela primeira vez na história, 82% dos lares venezuelanos vivem em situação de pobreza“.
Enquanto isto, os direitistas paraguaios disputam encarniçadamente o poder, depois de terem se livrado do presidente esquerdista Fernando Lugo com um impeachment relâmpago em 2012.
O mandatário atual, Horacio Cartes, orquestrou uma virada de mesa parlamentar para poder candidatar-se à releição em 2018, o que era vedado pela Constituição paraguaia. Em protesto, centenas de pessoas saquearam e incendiaram o Congresso, daí resultando a morte do presidente da Juventude Liberal, baleado na cabeça por um policial.
Lembro a sábia advertência do Geraldo Vandré na canção Réquiem para Matraga: “Se alguém tem que morrer/ Que seja pra melhorar/ Tanta vida pra viver/ Tanta vida a se acabar/ Com tanto pra se fazer/ Com tanto pra se salvar”.
Iniciativas como essas últimas do Maduro e do Cartes não produzirão nenhuma melhora, muito ao contrário.