Um advogado venezuelano suspeito de envolvimento no atentado a bomba, que na semana passada matou um importante promotor, foi assassinado na terça-feira em um tiroteio com a polícia, segundo as autoridades.
O incidente aconteceu no mesmo dia em que o governo se reuniu para discutir novas leis contra o terrorismo. O promotor Danilo Anderson investigava oposicionistas acusados de apoiarem o golpe de 2002 contra o presidente Hugo Chávez.
O ministro do Interior, Jesse Chacón, disse que o tiroteio aconteceu em um movimentado bairro de Caracas, quando os policiais que investigam a morte de Anderson abordaram o advogado Antonio López. Um agente também morreu no tiroteio.
“Hoje de manhã, como parte desta investigação, houve um confronto nos arredores da praça Venezuela com um dos implicados no inquérito”, disse Chacón a jornalistas.
A polícia mais tarde revistou a casa de López, onde foram encontradas armas e explosivos, segundo as autoridades. Chacón não deu detalhes a respeito de López ou de sua suposta participação no atentado de quinta-feira.
O governo também disse na terça-feira que encontrou o veículo usado pelas pessoas que colocaram uma bomba, acionada a distância, junto ao carro de Anderson. Ela explodiu quando o promotor saía de uma universidade onde dera uma aula noturna.
Líderes da oposição temem que o governo use a morte de Anderson para justificar uma repressão aos seus inimigos políticos. Mas o vice-presidente José Vicente Rangel afastou essa suspeita. “Aqui nós não atiramos antes para perguntar depois”, afirmou.
Anderson, de 38 anos, era odiado pela oposição, que o acusava de fazer parte de uma caça às bruxas.
Mais de 400 políticos, advogados, empresários e militares estão sendo investigados pelo apoio que deram ao golpe que manteve Chávez afastado do poder durante três dias, em 2002. Outros são acusados de atacarem a embaixada cubana durante o golpe ou de participarem de uma manifestação de militares dissidentes, meses depois.
A crise política se arrastou por mais de dois anos, até agosto de 2004, quando Chávez venceu um referendo convocado pela oposição para abreviar o seu mandato.
Atentados a bomba são raros na Venezuela, em contraste com a vizinha Colômbia, que vive uma guerra civil há mais de 40 anos. Mas muitos venezuelanos foram mortos a tiros em violentas manifestações antes, durante e depois do golpe de 2002.