Ventos de guerra chegam ao Afeganistão

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Publicado Terça, 02 de Outubro de 2001 às 05:39, por: CdB

Aumenta a tensão na Ásia Central desde a madrugada desta terça-feira, com a aceleração dos preparativos norte-americanos e ingleses para o desfecho de um ataque às posições do Talebã no Afeganistão. O objetivo da operação "Liberdade Duradoura", ofensiva contra o terrorismo mundial após os ataques a alvos civis e militares nos EUA, em 11 de setembro último, é retirar a mílicia do poder. Em Londres, o primeiro-ministro Tony Blair anuncia nesta terça-feira que uma ação no Afeganistão contra os acampamentos de Osama bin Laden é inevitável. A Casa Branca preferiu não comentar o assunto. O presidente norte-americano George Bush disse aos norte-americanos que a guerra contra o terrorismo já começou a dar resultados: já foram congelados fundos no valor total de US$ 6 milhões de organismos supostamente relacionados a Osama bin Laden. Além disso, já foi deflagrada uma crescente operação internacional contra o terrorismo nos planos diplomático e estratégico e a mobilização de 29 mil militares americanos perto do Afeganistão. Bush também disse que, devido às investigações que vem sendo realizadas em todo o mundo, já foram interrogados 400 suspeitos nos EUA e outros 125 em outros países. A Casa Branca confirmou na segunda-feira que espera uma mudança no governo de Cabul e que os EUA vão ajudar os que buscam derrotar o Talebã. "Vamos trabalhar por diferentes meios, com diversas pessoas preocupadas em estabelecer um Afeganistão pacífico e livre de terrorismo", declarou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. A oposição afegã, inclusive o ex-rei Ahmad Shah Durrani, de 86 anos, se reuniu na segunda-feira em Roma para começar a organizar um novo governo e já começou a definir a forma de designá-lo, segundo um porta-voz do ex-monarca. Isolado da comunidade internacional, o Talebã, que governa o Afeganistão com linha dura desde 1996, declarou concordar com a "divisão do poder", mas o ato pode ter sido decidido tarde demais. "Já informamos ao Talebã que os EUA vão entrar em ação contra o Afeganistão", declarou o presidente paquistanês Pervez Musharraf à BBC. "Parece que devido à postura adotada pelo Talebã, vai haver enfretamentos", declarou Musharraf, cujo governo era o único apoio internacional que restava ao regime dominante no Afeganistão. Washington exige que o Talebã entregue bin Laden, suspeito de ser o mentor dos atentados de 11 de setembro nos EUA. O chefe supremo do Taleban, o mulá Mohammad Omar, em uma pouco habitual entrevista à rádio oficial afegã, ameaçou os Estados Unidos com o prosseguimento da guerrilha se o regime de Cabul for deposto. O Talebã reconheceu pela primeira vez, no domingo, que Osama bin Laden se encontra ainda no Afeganistão, mas avisou que não pretende entregá-lo e vai continuar protegendo o refugiado saudita. Paralelamente, nas Nações Unidas, novos pronunciamentos favorecem a posição dos EUA de buscar um amplo apoio à guerra contra o terrorismo. Pela primeira vez, o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, falou aos membros da ONU na abertura oficial da sessão. "Neste combate, não há outra alternativa senão contar com a cooperação internacional. O terrorismo só será derrotado se a comunidade internacional se unir em uma ampla coalizão. Caso contrário, não será vencido", sustentou o prefeito. O secretário geral da ONU, Kofi Annan, pediu um reforço da cooperação internacional contra o terrorismo e advertiu sobre o perigo de ataques com armas de destruição massiva. Ao abrir o debate sobre o terrorismo diante dos 189 países membros das Nações Unidas, Annan pediu à comunidade internacional para "permanecer unida" para impedir novos atentados, três semanas depois dos ataques contra alvos americanos em Nova York e Washington. Annan declarou ainda que as Nações Unidas "desempenham um papel único para servir de base para esta coalizão" e pediu aos representantes dos 189 países membros que definam "uma estratégia global e de longo prazo", com o objetivo de

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