Vice progressista

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Publicado Quinta, 15 de Julho de 2004 às 09:37, por: CdB

A escolha do senador John Edwards para candidato a vice na chapa do Partido Democrata serviu para que John Kerry definisse de forma mais permanente o caráter de sua candidatura e eventualmente de seu governo. Desde que seu nome começou a aparecer com possibilidades reais de vencer, Kerry impôs a moderação, especialmente no tema de segurança.
Sua política de segurança se apóia em um grupo herdado do governo Bill Clinton caracterizado pelo tom conservador. Pertencem ao grupo: Sandy Berger, conselheiro de Clinton para Segurança Nacional; William J. Perry e Ashton Carter, ex-secretários de Defesa; e Lawrence J. Korb, ex-assistente do secretário de Defesa no governo de Ronald Reagan.

Todos eles reforçam a posição de Clinton, que afirmou: "Quando as pessoas estão inquietas, elas preferem ter um presidente que se engana, mas que parece forte, mais do que um presidente que tem razão, mas que parece fraco". Clinton propõe que a possibilidade de vitória dos democratas deva ser suficientemente dura, a ponto de competir com a do governo Bush.

A diferença de visões está na crítica ao unilateralismo, responsabilizado pelo isolamento dos Estados Unidos, com conseqüências também no enfraquecimento militar do país. A retomada de uma política de contatos, que caracterizou o governo Clinton, seria a marca diferencial de um governo Kerry.

A escolha de John Edwards como candidato a vice-presidente serve para que a chapa tenha uma voz progressista, que privilegia os temas sociais - ele se caracterizou nas primárias democratas pela questão dos dois países, um vitorioso e outro perdedor do desenvolvimento econômico - reservando para Kerry o lado conservador da chapa.

Dessa forma, os dois pensam cobrir o leque geral dos temas da campanha: segurança e situação econômica - com seus efeitos sociais ainda imperceptíveis para a massa dos norte-americanos.

Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de "A vingança da História".

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