Em visita ao Brasil, presidente de Portugal releva gesto descortês de Bolsonaro

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Publicado Sábado, 02 de Julho de 2022 às 13:02, por: CdB

Antes de partir de Lisboa para o Rio de Janeiro, na noite passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi indagado sobre este assunto e respondeu que iniciava a viagem "com o mesmo programa que tinha em mente", dando a entender que o convite de Bolsonaro não tinha sido oficialmente retirado. Mas se negou a dar maior peso ao incidente.

Por Redação, com BdF - do Rio de Janeiro
Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa chegou neste sábado ao Rio de Janeiro em uma viagem ao Brasil, marcada pelo gesto descortês do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ao cancelar um almoço protocolar. Bolsonaro desmarcou, em cima da hora, o encontro com o chefe de Estado português previsto para a próxima segunda-feira, em Brasília, após saber que Rebelo de Sousa tem reunião marcada, no dia anterior em São Paulo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência pelo PT.
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O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, respondeu diplomaticamente ao gesto descortês de Bolsonaro
— Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação — afirmou Bolsonaro ao canal norte-americano de TV CNN Brasil, acrescentando que o motivo era a reunião de Rebelo de Sousa com Lula. O presidente português por sua vez, no mais alto rito diplomático, minimizou o incidente. — Um almoço pode acontecer agora, pode acontecer em setembro, pode acontecer em outubro, pode acontecer em novembro — afirmou, ao comentar com jornalistas em um hotel de Copacabana, na Zona Sul da Cidade.

Sem pressa

Respondendo a uma pergunta sobre se já foi informado oficialmente do cancelamento do almoço com Bolsonaro, Rebelo de Sousa disse que aguarda para "ver o que sucede, serenamente", observando: — Não há pressa. Rebelo de Sousa, político experiente, minimizou o gesto hostil do mandatário de além-mar. — A minha experiência de muitos anos de vida e muitos anos de vida política é que o fundamental é olhar para os povos. Depois, as questões conjunturais, almoça hoje, almoça amanhã, almoça depois de amanhã, há de haver um momento em que há um almoço por força das situações, por força das circunstâncias — acrescentou.

Sem drama

Antes de partir de Lisboa para o Rio de Janeiro, na noite passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi indagado sobre este assunto e respondeu que iniciava a viagem "com o mesmo programa que tinha em mente", dando a entender que o convite de Bolsonaro não tinha sido oficialmente retirado. Mas se negou a dar maior peso ao incidente. — Não se morre porque um almoço foi cancelado. Não há drama nisso — disse, pouco antes de embarcar. No Rio de Janeiro, o programa do chefe de Estado português inclui uma sessão comemorativa da travessia aérea do Atlântico Sul feita há 100 anos por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, na Zona Portuária no Centro da Cidade, e uma recepção preparada pela comunidade portuguesa, no consulado geral português, em Botafogo.

Aliança fraterna

À tarde, Marcelo Rebelo de Sousa procederá para São Paulo, onde participará da abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado. Marcelo Rebelo de Sousa voltou a defender que a força da "aliança fraterna" entre Portugal e o Brasil reside no povo brasileiro e no povo português. — Todo o resto muda, quer dizer, as instituições vão mudando, mudaram tanto em 200 anos — resumiu.
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