WhatsApp e o Caixa-2 de Bolsonaro

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Publicado Sexta, 19 de Outubro de 2018 às 06:20, por: CdB

Já se sabia que a eleição deste ano, em um país destroçado por um golpe de Estado, tinha o novo e perigoso componente da guerra cibernética. Agora, porém, o fato ganha contornos ainda mais nítidos e alarmantes.

Por Altamiro Borges - de São Paulo Segundo reportagem da Folha, o candidato das trevas, Jair Bolsonaro, foi favorecido por empresas que compraram pacotes de disparos em massa de mensagens no WhatsApp. A difusão de mensagens e de fake news, que teve forte impacto no primeiro turno, seria novamente acionada no segundo turno em uma operação ainda maior. O gasto milionário não foi declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que caracteriza crime eleitoral e poderia, se o país vivesse em uma democracia, cassar a candidatura do fascista.
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O candidato das trevas, Jair Bolsonaro
De acordo com a reportagem, cada contrato para disparar centenas de milhões de mensagem custou R$ 12 milhões. Entre as empresas que pagaram pelo serviço ilegal está a rede de lojas Havan, que já foi autuada pelo Ministério Público do Trabalho por coagir funcionários a votar no candidato do PSL. A Folha também revela o nome das agências que fizeram o serviço sujo: Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market. A legislação eleitoral permite o envio de mensagens em massa, mas desde que seja pago pelo candidato e realizado com a lista de apoiadores do mesmo. No caso dos serviços contratados contra o PT, foram usadas bases vendidas por agências de estratégia digital, o que também é ilegal. Muitas vezes, bases de contatos são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas. Diante da gravidade da denúncia da Folha, a coligação “O povo feliz de novo”, da chapa Fernando Haddad-Manuela D´Ávila, ingressou com pedido de investigação junto à Polícia Federal. O pedido aponta quatro possíveis crimes: utilização deliberada de notícias falsas (fake news); doação não declarada de verbas do exterior; propaganda eleitoral paga na internet; e, por fim, o uso indevido do WhatsApp. A petição menciona que o TSE já ordenou a retirada de mais de 100 links de fake news contra a coligação, somando mais de 146 mil compartilhamentos e 20 milhões de visualizações. O documento também solicita que a PF investigue a relação da campanha de Jair Bolsonaro com grupos estrangeiros sem transparência e sem prestação de contas, o que configuraria uma doação de fonte vedada. Há fortes indícios, inclusive com postagens do filho de Bolsonaro, da participação de Steve Bannon, responsável pela estratégia de redes de Donald Trump, na campanha de Jair Bolsonaro. Se o Brasil fosse uma democracia e se a Justiça Eleitoral ainda tivesse alguma dignidade, a denúncia da Folha poderia resultar na cassação da candidatura de Jair Bolsonaro. Como aponta uma nota do Partido dos Trabalhadores, a contratação ilegal dos serviços “é uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune.

PT

O PT requereu, à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro. Estamos tomando todas as medidas judiciais para que ele responda por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha". Ainda segundo a nota, “os métodos criminosos do deputado Jair Bolsonaro são intoleráveis na democracia. As instituições brasileiras têm a obrigação de agir em defesa da lisura do processo eleitoral. As redes sociais não podem assistir passivamente sua utilização para difundir mentiras e ofensas, tornando-se cúmplices da manipulação de milhões de usuários. O PT levará essas graves denúncias a todas as instâncias no Brasil e no mundo. Mais do que o resultado das eleições, o que está em jogo é a sobrevivência do processo democrático”. Altamiro Borges, é jornalista.
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