Apoiado em consulta pública, Renan abre guerra às reformas

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Publicado Quinta, 04 de Maio de 2017 às 11:36, por: CdB

Na noite passada, após reunião em Brasília das centrais sindicais com o senador Renan Calheiros, ao lado do presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o recado dado aos senadores é claro

 

Por Redação - de Brasília

 

Com amplo apoio popular, constatado na consulta pública, por meio da plataforma on-line do Senado, na qual pessoas opinam sobre o projeto de reforma trabalhista, que tramita na Casa, o senador Renan Calheiros, líder do PMDB passou do discurso à prática. Se, anteriormente à pesquisa, fazia uma tímida oposição ao companheiro de legenda e presidente de facto, Michel Temer, agora torna pública sua opção de romper com o governo.

Os números revelados no estudo apontam ampla rejeição à medida. Até o início da tarde desta quinta-feira, 94.486 pessoas se disseram contra a proposta e 3.658, a favor. A reforma, apresentada pelo governo Temer, sob alegação de necessidade de "modernização", altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em mais de 100 pontos. O Projeto de Lei 6.787, com substitutivo do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), foi aprovado pelo plenário da Câmara em 26 de abril.

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Fonte: Senado Federal
Pesquisa mostra os números da rejeição à reforma trabalhista

Na noite passada, após reunião em Brasília das centrais sindicais com o senador Renan Calheiros, ao lado do presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o recado dado aos senadores é claro.

— Viemos dizer que a Câmara, Rogério Marinho (PSDB-RN, autor do substitutivo da reforma trabalhista) e seus seguidores já decretaram seu fim quando propuseram as mudanças contra a vontade da opinião pública. Já deixaram claro que não voltam em 2018 para ser parlamentares — afirmou.

Pressão total

O presidente da CUT, por sua vez, alertou para o fato de que, independentemente do diálogo com os senadores, a mobilização dos trabalhadores terá maior peso e será decisiva na condução do PLC 38, a reforma trabalhista, no Senado. Há possibilidade de se construir uma outra greve geral. “Não está definido, mas está na ordem do dia”.

— É um recado aos senadores que essa reforma como está colocada não pode passar, não tem apoio popular e seria um suicídio dos senadores entrarem na barca furada que a Câmara propôs — acrescentou.

Segundo o líder sindical, Renan declarou não concordar com a proposta aprovada na Câmara.

— Ele não acha que deva passar no Senado e disse que vai fazer a discussão ouvindo todos os setores interessados nisso. Afirmou que é importantíssimo demais e apenas nos governos totalitários e antidemocráticos é que ousaram propor medidas que retirassem direitos dos trabalhadores como retiram agora. A nossa pressão é para que no Senado a coisa transcorra diferente do que na Câmara — disse Vagner.

Em debate

Freitas propôs que a discussão sobre o tema seja feita depois das próximas eleições.

— Por que fazer de afogadilho? A quem interessa fazer a votação na Câmara sem passar por nenhuma comissão? A quem interessa fazer a votação no Senado sem passar por nenhuma comissão, como (o senador) Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) quis fazer? — questiona.

Na terça-feira, o senador tucano presidiu a sessão do Senado que iniciou o debate da reforma trabalhista. Ele substituiu o presidente da casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afastado por questões de saúde.

Dirigindo-se a Renan Calheiros na reunião de hoje em Brasília, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e do Solidariedade, pediu disposição ao diálogo por parte dos senadores, “pessoas com mais experiência do que nós”.

Calendário

Segundo ele, a votação da Câmara dos Deputados pareceu uma “vingança”.

— Tem um mal-estar na população com a política brasileira quase generalizada. E a Câmara me parece que tentou fazer uma vingança com o povo. Se (a tramitação no Senado) for no ritmo da Câmara, 10 dias depois acabou a brincadeira aqui de novo. O Senado não pode permitir isso — afirmou.

Nesta quinta-feira, uma outra reunião, promovida pela CUT com todas as centrais, segundo Vagner Freitas, debateu um calendário de manifestações.

— Mas não vai fugir muito da ocupação de Brasília, quando da votação da reforma da Previdência. Vamos pressionar os senadores nos seus gabinetes, nos seus redutos eleitorais, nos seus Estados — conclui.

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