Boxe feminino quer incentivar novas gerações

Arquivado em:
Publicado Sexta, 30 de Agosto de 2019 às 09:25, por: CdB

O boxe brasileiro voltou dos Jogos Pan-Americanos de Lima com seis medalhas, melhor desempenho desde 1963.

Por Redação, com ABr - de São Paulo

O boxe brasileiro voltou dos Jogos Pan-Americanos de Lima com seis medalhas, melhor desempenho desde 1963, quando São Paulo foi sede do evento. Metade dos pódios foi da seleção feminina, inclusive com o ouro, inédito, da baiana Beatriz Ferreira. As paulistas Jucielen Romeu (prata) e Flávia Figueiredo (bronze) também chegaram lá. Mas, entre elas, há mais em comum do que as conquistas: o início no esporte.
boxe.jpg
Metade dos pódios conquistados na competição foi da seleção feminina
– Teve uma época em que eu até tive uma companheira de treino. Mas, depois que ela saiu, só fiquei eu de menina. Então, treinava sempre com os meninos. O que me ajudou bastante, porque eles são mais fortes, então acho que ganhei uma resistência a mais. Mas, faz falta ter mais meninas no meio. Não só em questão de treino, mas na conversa, na convivência – contou Jucielen, que é de Rio Claro (SP). – Eu acho que ainda são poucas as meninas que têm coragem e iniciativa de estar participando de campeonatos – analisou Beatriz, que nasceu em Salvador e começou no boxe treinada pelo pai, Raimundo Ferreira, o "Sergipe", bicampeão brasileiro. O histórico da modalidade ajuda a compreender. Apesar de o boxe feminino ter estreado junto do masculino na Olimpíada de 1904, em Saint Louis, nos Estados Unidos, elas só voltaram aos ringues do maior evento do esporte mundial em 2012, em Londres, no Reino Unido. Por aqui, não foi diferente. O Campeonato Brasileiro masculino teve 73 edições, a última, no ano passado, contou com 127 lutadores. O feminino está na 17ª temporada, que reuniu 40 pugilistas. Para Flávia, a falta de um espelho na modalidade costumava minar o interesse e o surgimento de novas atletas. – Tenho quase certeza absoluta que tem um monte de menina querendo lutar boxe. Mas, não há quem as acolha. Eu mesma não tinha pretensão de virar atleta porque não via uma referência feminina. Só de filmes, como 'Menina de Ouro' – comentou.

Inspiração

Mas Maggie Fitzgerald, personagem de Hillary Swank na obra ganhadora de quatro prêmios Oscar em 2005, não precisa mais ser a única inspiração das novas gerações. Em 2012, a baiana Adriana Araújo conquistou o bronze na Olimpíada de Londres, a primeira medalha do pugilismo feminino do país. Em 2017, a paulista Rose Volante entrou para o time de Éder Jofre, Miguel de Oliveira, Acelino Popó e Valdemir Sertão ao se sagrar campeã mundial da modalidade em nível profissional (o boxe olímpico é considerado amador), sendo a primeira brasileira a chegar lá. E agora, as medalhistas do Pan de Lima dão sequência à fase vitoriosa da chamada nobre arte. – Tem muitas meninas que treinam, mas ainda não competem. Depois da visibilidade do Pan, elas me mandam mensagens, falando que se inspiram na gente, que querem começar a treinar para valer e competir. Quando trazemos um resultado expressivo de um campeonato importante, despertamos a vontade nelas, a curiosidade e a coragem – destacou Jucielen. O desafio, agora, é preparar o esporte para o surgimento de novos talentos. O Brasileiro Juvenil Feminino, disputado há quatro anos, já revelou a carioca Rebeca Lima, que no ano passado foi bronze no Mundial da categoria. – Eu comecei velha, com 18 anos. Então, não tive base, e na minha cidade realmente não tinham meninas. Mas, acredito que a ascensão do boxe feminino passa pelas categorias de base, onde ensinamos os fundamentos para que elas cheguem experientes e consistentes no ringue, para competir em alto rendimento – avaliou Flávia, que é de Campinas (SP).

Sequência

O próximo desafio da seleção feminina de boxe é o Mundial Adulto, na Rússia, em outubro. No início do ano que vem, será a vez do Pré-Olímpico, na Argentina. Campeã pan-americana, Beatriz torce para que o desempenho das brasileiras nas competições siga inspirando o surgimento de novas pugilistas. – Espero que estejamos passando uma imagem positiva, encorajando essas meninas a levantar mais ainda o esporte. A gente está mostrando que não é impossível, que o boxe feminino pode bater de frente e fazer história como o masculino – finalizou.

Parapan

Para Vitor Tavares, a viagem começou em São Paulo em 16 de agosto. O destino? Basiléia, na Suíça, onde foi disputado o Mundial de parabadminton. Lá, entre os dias 20 e 25 de agosto, o curitibano que tem nanismo conquistou três medalhas de bronze e garantiu a melhor campanha da história do Brasil em mundiais. “Todos que estavam lá, certamente, estarão nas Paralimpíadas. Isso vai servir de experiência para seguir melhorando”, analisa. Para o técnico Fábio Bento, a conquista das medalhas representa que o caminho está correto. “Em Tóquio estarão os seis melhores na disputa de simples. Antes do Mundial, ele era sexto no ranking. Vamos aguardar. A definição só sairá em março do ano que vem. Mas o trabalho está sendo bem feito.” Objetivo alcançado na Europa, o próximo desafio já estava chamando: estreia da modalidade nos Jogos Parapan-Americanos. A saída da Europa foi no dia 26. E no final da tarde do dia 27, todos já estavam acomodados na Vila dos Atletas em Lima, no Peru. “A gente saiu de Zurique para Madrid. O avião não pode pousar lá e fomos para Valência. Depois fizemos todo esse percurso de ônibus. Mais de cinco horas de viagem via terrestre pela Espanha. Negociação com o pessoal no aeroporto para chegar aqui a tempo. Mas estamos aqui. Tudo pronto para representar o Brasil”, fala Eduardo de Oliveira, atleta da classe SU 5. – Agora é foco e muita dedicação. É a primeira vez da modalidade nos Jogos (Parapan-Americanos). Queremos voltar para casa com as malas cheias de medalhas do Mundial e do Parapan – conclui Paulo Bento.

De Lima para Londres

Ainda faltam dois dias para o fim das disputas da natação nos Jogos de Lima. Em Toronto, a seleção brasileira conquistou 104 medalhas, sendo 38 ouros. Na piscina de Lima, até o momento, foram 83, sendo 35 ouros. Dois deles vieram com Joana da Silva, da classe S5. “O esporte está me salvando da depressão. Perdi meu pai há pouco tempo. E não consegui passar o tempo necessário do luto. Agora estou conseguindo voltar a ser aquela atleta que eu era antes”, narra a vencedora dos 50 metros estilo livre. Depois de outra conquista nos 100m livre, ela revelou a saudade da filha. “Acordei hoje sentindo muita falta dela. Mas não tem jeito. Estou ansiosa demais para vê-la. Mas estou bem satisfeita com os meus resultados. Espero que ela esteja feliz.” Mas Joana sabe que vai precisar esperar para abraçar os familiares em Natal (RN). Ela é uma das 26 atletas que irão para o Mundial de Londres, entre os dias 9 e 15 de setembro. Esse grupo já parte para Europa direto da capital peruana no dia 1º de setembro, antes mesmo da cerimônia de encerramento dos Jogos Parapan-Americanos. O pernambucano Phelipe Rodrigues, da classe S10, não esconde a ansiedade para o torneio na Europa. “Vou nadar oito provas aqui em Lima. É passo a passo. Mas estou muito ansioso de voltar lá para a Terra da Rainha. Vou me superar lá para defender o meu título.” A pernambucana Carolina Santiago chega a suspirar quando se fala de Mundial. “Olha! A preparação é para chegarmos muito bem lá. Não tem essa de cansaço. É um sonho estar participando disso tudo.”
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo