Cabral volta a Bangu 8 mas vai responder por novos crimes

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Publicado Sábado, 17 de Dezembro de 2016 às 15:59, por: CdB

Cabral pagou R$ 23,2 mil em diárias do Hotel Portobello, em Mangaratiba, para que o conselheiro e presidente eleito para o biênio 2017/2018 do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Aloysio Neves

 

Por Redação - do Rio de Janeiro

 

De volta ao presídio Bangu 8, neste sábado, por decisão judicial, o ex-governador do Estado do Rio Sergio Cabral vai enfrentar uma nova acusação. Cabral pagou R$ 23,2 mil em diárias do Hotel Portobello, em Mangaratiba, para que o conselheiro e presidente eleito para o biênio 2017/2018 do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Aloysio Neves, se hospedasse nas festas de fim de ano. Os pagamentos ocorreram em 2010, 2012 e 2013, conforme notas anexadas a um dos processos decorrentes da Operação Calicute.

cabral-1.jpgCabral deixa a carceragem da PF, em Curitiba, rumo ao presídio Bangu 8, na Zona Norte do Rio

Neves assumiu o cargo de conselheiro do TCE em abril de 2010. As notas constam de uma relação de pagamentos relacionados a convidados do ex-governador para o hotel de luxo. Cabral é dono de uma mansão, em Mangaratiba, e frequentava a região com a mulher Adriana Ancelmo e os filhos. Ao todo, de 2009 a 2016, houve cerca de R$ 1 milhão em gastos de hóspedes abonados por Cabral. A lista inclui amigos, parentes e autoridades. Parte das contas, porém, foi paga pelos próprios convidados.

No caso de Aloysio Neves, ainda há uma conta de R$ 5.250 pelas diárias no réveillon de 2009, pouco antes de o conselheiro assumir seu cargo no TCE. Neste caso, porém, foi o próprio Neves quem pagou. Aproveitou um desconto especial dado a convidados para a festa. A relação do ex-governador com o conselheiro vem de longe: entre 1995 e 2003, ele foi chefe de gabinete da presidência da Alerj exercida por Sérgio Cabral. A amizade entre os dois foi a justificativa apresentada por Neves para os convites:

Vida mansa

“Quem estava no Hotel Portobello era o amigo Aloysio Neves. Sou amigo da família Cabral há mais de 30 anos e esta relação sempre foi conhecida de todos. E amizade não é crime e nem sempre se traduz em conflito de interesses. Desde que me tornei conselheiro do TCE, tenho julgado com imparcialidade, nunca misturando o público com o privado. Tanto é assim que, entre outras decisões, recentemente, acompanhei o voto do relator, no caso da linha 4 do metrô, que decidiu por notificar o governador Sérgio Cabral”, disse o conselheiro em nota.

No réveillon de 2013, em que Neves esteve no resort, também consta em nome do ex-governador uma nota de R$ 9,5 mil para as despesas de Fanny Regina da Silva Maia. Tia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, ela foi nomeada no TCE, no gabinete de Marianna Montebello, em outubro de 2015. E exonerada em novembro passado, após o início da Calicute.

Em 2009, outra hóspede no Portobello, durante o réveillon, foi Nusia Ancelmo, irmã de Adriana, nomeada em 2010 para o Tribunal, no gabinete de Aloysio Neves. Também foi exonerada do cargo há alguns dias, e perdeu o salário bruto de R$ 17,2 mil. A hospedagem no hotel teria sido paga pela própria hóspede.

Calicute

O TCE tornou-se alvo da Calicute após as delações que apontam supostos pagamentos de empreiteiras a conselheiros. O processo segue para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Alguns réus em questão têm foro privilegiado.

O atual presidente do TCE, Jonas Lopes de Carvalho, também foi conduzido coercitivamente, no início da semana, pela PF, para depoimento. Ele está citado nas investigações sobre pagamento de propina para grandes obras no Rio, no âmbito da Operação Lava-Jato. Lopes de Carvalho nega as acusações.

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