Ciro, Dino e governadores formam resistência ao golpe no Brasil

Arquivado em:
Publicado Domingo, 06 de Dezembro de 2015 às 13:17, por: CdB

Nove governadores, dos nove Estados da Região Nordeste, endossam o discurso de Flávio Dino contra o golpe pretendido pela oposição

Por Redação - de Brasíia, São Luís e São Paulo: A ameaça de um golpe de Estado no país, tramado por setores da base aliada ao governo e partidos da ultradireita, encontrou no governador do Partido Comunista do Brasil, Flávio Dino (MA), e no possível candidato do PDT à Presidência da República, ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, o contraponto necessário para a mobilização popular. Dino e Ciro reuniram-se, nesta capital, na manhã deste domingo, para lançar o Movimento Golpe Nunca Mais.
ciro-dino.jpgLíderes da resistência, Ciro e Dino falaram na sede do governo do Maranhão, contra o golpe em curso
O marco inicial da resistência teve lugar no Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, com a presença de militantes de ambas as legendas; além de dirigentes dos demais partidos da esquerda brasileira. Com o livro da Constituição, em mãos, o governador Flávio Dino desconstruiu os argumentos que embalam a tentativa de golpe no país. — Estamos diante de uma situação absurda, uma monstruosidade institucional. Não podemos aceitar passivamente que se rasgue a Constituição. Lutamos muito para conquistar a democracia. Nenhum interesse pode estar acima da democracia. O direito à oposição é legítimo, mas ele não está acima do país — afirmou o líder maranhense. Com uma longa e respeitável carreira na magistratura, o juiz e governador Flávio Dino lembrou que a tese das 'pedaladas em 2015' beira o absurdo, pois o Congresso aprovar, na semana passada, a meta fiscal do país, de acordo com a mensagem encaminhada pela presidenta Dilma Rousseff. — Se o próprio Congresso Nacional aprovou a mudança da meta fiscal no exercício financeiro vigente, os decretos deste ano de suplementação orçamentária estão validados — afirmou o governador. Nove governadores, dos nove Estados da Região Nordeste, endossam o discurso de Flávio Dino contra o golpe pretendido pela oposição. Na semana passada, eles divulgaram nota na qual condenam a iniciativa de Cunha em favor do impeachment. Apenas algumas horas depois que o PT anunciou o voto pela continuidade do processo que pode levar ao fim de seu mandato no Conselho de Ética, Cunha anunciou que a denúncia apresentada pelos juristas Hélio Bicudo, ex-petista histórico, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal passaria a tramitar, formalmente, na Câmara. Sem máscaras O plano para votar o impeachment da presidenta Dilma e substituí-la por seu vice e presidente do PMDB, Michel Temer, está em franca evolução. O grupo liderado por Temer, com apoio dos ex-ministros Wellington Moreira Franco, Geddeel Vieira Lima e Eliseu Padilha, junto com o senador Romero Jucá (RR) trabalha abertamente pela derrota da mandatária na comissão instituída pela Câmara, para formalizar o pedido de impedimento. Moreira Franco foi o autor do documento intitulado Ponte para o Futuro, que seria, na realidade, o plano de governo de uma eventual passagem de Temer no Palácio do Planalto. — O impeachment está posto e certamente será uma grande contribuição para que possamos recuperar 2015, um ano que se perdeu na queda de braço entre a presidenta Dilma e (o presidente da Câmara, deputado) Eduardo Cunha, e de retomarmos o esforço de criar condições para que possamos sair da maior crise econômica da História — disse Moreira a jornalistas. Frente nacional Apesar das articulações golpistas cresce, rapidamente, a reação às tentativas de derrubar a presidenta Dilma. Nas redes sociais, capitaneada pela página Golpe Nunca Mais - Em Defesa da Constituição e da Democracia, a presença de um número cada vez maior de brasileiros contrários à tentativa das forças de ultradireita retomarem o governo brasileiro. — Há um valor, que está acima de tudo, e que deve ser sempre respeitado: é a própria liberdade — afirmou Ciro Gomes, durante o ato promovido na sede do governo maranhense. Ciro disputará a Presidência da República, mas em 2018. Segundo afirmou, não há qualquer acusação de ilícito contra a presidente Dilma Rousseff. — É uma senhora honesta, decente, a quem não estão permitindo governar — afirmou Ciro Gomes. Ciro e Flávio Dino, porém, não estão sozinhos na articulação de uma frente nacional de resistência pela democracia. A presidenta Dilma Rousseff também articula a formação de um grupo político forte o bastante para derrotar o processo de impeachment e conta, para isso, com setores importantes do PMDB. Dilma encontra, no Rio de Janeiro, o apoio suficiente para formar a maioria necessária para definir o fim do processo na Câmara. O PSDB e o golpe O processo aberto por Eduardo Cunha era tudo o que o PSDB esperava para retomar a intenção de desestruturar o governo Dilma e voltar ao poder. Confuso, diante das opções em jogo, o partido pede não somente a cassação de Dilma, mas também de Michel Temer. Este último, no entanto, estaria prestes a fechar um acordo que o permitiria ascender ao governo e, em seguida, abrir para novas eleições. Embora citado na Operação Lava Jato e diante do processo movido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder poítico e econômico, Michel Temer conta com o apoio dos três principais líderes tucanos: os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP); além do governador paulista Geraldo Alckmin. Há alguns meses, Serra era o único a falar, abertamente, em um acordo com Temer para derrubar a presidenta Dilma. Aécio Neves, por sua vez, queria tirar a dupla do poder de uma vez só, enquanto Alckmin visava a presença de ambos, no Planalto, até o fim de 2018, mas cada vez mais enfraquecidos pela crise econômica e política que se abate sobre o país. Neste fim de semana, no entanto, Temer iniciou uma série de conversas com os líderes tucanos, no maior movimento conspiratório já realizado, à luz do dia, desde o golpe de 1964. Temer reuniu-se, na noite passada, com o governador Alckmin e já marcou um novo encontro para segunda-feira, durante a cerimônia de premiação do grupo de líderes empresariais Lide, presidido por João Doria Jr, apresentador de TV e possível candidato tucano à prefeitura de São Paulo. Há apenas algumas horas antes do peemedebista Eduardo Cunha acatar o pedido de impedimento contra Dilma, na última quinta-feira, Temer almoçou com sete senadores da oposição, no Palácio do Jaburu. A pedra angular do plano de Temer estaria na promessa de substituir Dilma até 2018 e não participar das futuras eleições, caso realmente viessem a acontecer. No novo ministério, porém, estaria assegurada a presença dos tucanos José Serra, no Ministério da Fazenda e dos demais articuladores do golpe. Aécio Neves, ainda segundo fonte indicou à reportagem do Correio do Brasil, em condição de anonimato, também passaria a obter espaços cada vez maiores em um governo do PMDB, com o objetivo de aumentar suas chances nas futuras, embora duvidosas, eleições presidenciais. Tanto Temer quanto Alckmin e os demais líderes do golpe que se desenha na cena política nacional têm, no entanto, consciência que um movimento em falso poderá levá-los à plena derrota e ao naufrágio da mais remota possibilidade da permanência na vida política nacional, como afirma o editor-chefe do Correio do Brasil, Gilberto de Souza, neste editorial. Este seria, segundo a fonte, “o maior entrave aos planos de afastamento da presidenta Dilma”.
Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo