Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

Criança é atingida por bala perdida na Zona Norte do Rio

Uma menina de 12 anos de idade foi ferida na madrugada desta segunda-feira na região de Costa Barros, Zona Norte do Rio de Janeiro. A criança foi atingida no Morro do Chapadão, durante confronto armado, e encaminhada ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.

Segunda, 26 de Janeiro de 2015 às 08:18, por: CdB
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A criança foi atingida no Morro do Chapadão, durante confronto armado
  Uma menina de 12 anos de idade foi ferida na madrugada desta segunda-feira na região de Costa Barros, Zona Norte do Rio de Janeiro. A criança foi atingida no Morro do Chapadão, durante confronto armado, e encaminhada ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o Estado de saúde da menina, que entrou no hospital por volta da 0h30, é considerado estável. Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Militar informou que não fez nenhuma operação no local e nem se envolveu em qualquer tiroteio no momento do incidente. Facções criminosas rivais se enfrentam pelo controle dos pontos de venda de drogas do Chapadão. Nos últimos dias 17 e 18 deste mês, duas crianças foram vítimas de balas perdidas na cidade do Rio de Janeiro. A menina Larissa de Carvalho, de 4 anos, foi atingida na cabeça no sábado, em Bangu, na Zona Oeste, e morreu no dia seguinte. Já Asafe Willian Costa, de 9 anos, foi atingido em Honório Gurgel no último domingo e morreu na quarta-feira. Na noite do último sábado, um adolescente de 14 anos foi ferido no braço por uma bala perdida, no bairro de Icaraí, em Niterói. Segundo o Hospital Icaraí, seu estado é estável e ele aguarda avaliação médica.

Rio de Paz

A organização não governamental (ONG) Rio de Paz, vinculada ao Departamento de Informação Pública da Organização das Nações Unidas (ONU), promoveu neste domingo ato na Praia de Copacabana, Zona Sul da cidade, para alertar autoridades e sociedade sobre a violência que está causando a morte, por balas perdidas, de crianças no Rio de Janeiro. Com cartazes e uma faixa com a frase “A violência está matando as nossas crianças”, pais e parentes de crianças mortas pediram justiça, ao lado de uma cruz de três metros de altura fixada na areia. Coordenador operacional do Rio de Paz, o dentista Gregório Dotorovici é engajado no movimento desde 2007. Segundo ele, o ato foi pedido pela família de Larissa de Carvalho, 4 anos, morta depois de ser atingida por uma bala perdida no último sábado, em Bangu, zona oeste da capital Fluminense. “Promovemos o ato para chamar a atenção das autoridades para que amparem famílias que tiveram crianças vitimadas e que se diminua o índice de violência. O registro de 15 crianças é um número considerável no momento”, alertou. A estatística inclui número de crianças mortas de 2007 até a semana passada. Para Dotorovici, o total seria maior se fossem incluídos adultos mortos por bala perdida, além de crianças e adultos feridos. “É um número bastante alto”. O movimento pretende, além de amparar as famílias, pressionar as autoridades para que reduzam o índice de letalidade, aumentem o controle das fronteiras e promovam o desarmamento. “Isso não pode ficar sem nenhum tipo de atitude”. Outro integrante da ONG João Luís Francisco dos Santos destacou que aqueles que não se comovem com a dor das famílias que perderam filhos por balas perdidas acabam concordando com a situação. “Não é possível ficar parado. Hoje foi com o filho dela, mas poderia ser com o meu.” Pais de Kayo da Silva Costa, de 8 anos, morto por bala perdida em outubro de 2013, numa tentativa de invasão ao Fórum de Bangu, Adriano Clemente da Silva e Tiane da Silva participaram da manifestação. Para Tiane, atos e passeatas para lembrar crianças mortas por bala perdida contribuem para que elas não caiam no esquecimento. “Tem de ser lembrado, porque não temos mais segurança no Rio. Saímos de casa e não sabemos se nossos filhos voltarão da escola. Não penso mais em ter filhos. Para quê? Para ficar preso dentro de casa? Não podemos mais sair com nossos filhos”. Tiane acrescentou que todo ato ajuda a manter a discussão sobre a falta de segurança no Rio e no país. “Faremos passeatas sempre que pudermos nos unir a outras mães." Emocionada, a mãe de Larissa, Milene, chorou abraçada à placa com o nome da filha, onde estavam uma sandália e brinquedos da menina. Milene disse que espera justiça. “Quem fez isso com minha filha não pode ficar impune. Que seja feita justiça. Estava com minha filhinha para me distrair um pouco e veio uma bala e acertou a cabecinha dela. Por que não acaba a corrupção, por que não param de desviar dinheiro da nossa segurança e dos nossos filhos”, indagou Milene. De acordo com Michele de Carvalho Pereira, tia de Larissa, o Rio de Janeiro se uniu esta semana pela dor, pela tristeza. “Hoje, pedimos que o Rio se una pela justiça. O tiro foi dado para o alto. Só vão descobrir o culpado se alguém denunciar, se alguém nas redondezas ouvir e denunciar.” Michele salientou que não se trata apenas da morte de sua sobrinha, mas de outras crianças. “Isto não pode continuar. Queremos que as autoridades façam o desarmamento, porque a guerra não é só lá fora. O Rio de Janeiro está em guerra há muito tempo”. Amigo da família de Larissa, Wendel Nascimento de Moraes acredita que o ato pode ter efeito positivo. “Esperamos que sim. Esperamos que essa violência acabe, um dia.”
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