Declaração conjunta causa nova confusão entre EUA e Turquia

Uma declaração conjunta com o objetivo de melhorar as relações entre Estados Unidos e Turquia - abaladas após a prisão de 11 membros das forças especiais turcas por militares americanos - revela o quão distantes continuam aqueles que um dia foram grandes aliados.

O Comando do Estado-Maior da Turquia divulgou nesta terça-feira um comunicado no qual turcos e americanos lamentam a ação ocorrida em 4 de julho, quando forças dos Estados Unidos entraram num complexo militar turco em Sulaymaniyah, no norte do Iraque, detiveram 11 soldados e os levaram algemados e vendados a Bagdá, onde foram interrogados.

Minutos depois, a Embaixada dos Estados Unidos em Ancara veio a público para dizer que o documento - divulgado em nome da comissão conjunta turco-americana criada na semana passada para investigar o incidente - foi divulgado prematuramente sem a aprovação de Washington.

- Nós avisamos ao lado turco que ainda precisávamos da aprovação de Washington para a divulgação desse documento e nós ainda não a conseguimos. O documento ainda está sendo analisado em Washington - comentou um funcionário da embaixada sob condição de anonimato.

A confusão é mais um exemplo da atual falta de coordenação entre os dois países que até pouco tempo atrás eram grandes aliados. Alguns atribuem as detenções a essa falta de coordenação.

- Eles deveriam ter feito a declaração juntos. É claro que algo está errado - comentou Semih Idiz, colunista do jornal Aksam.

As relações entre EUA e Turquia estão estremecidas desde março, quando o Parlamento turco rejeitou um pedido americano para que 60.000 de seus soldados passassem pelo país para a guerra contra o Iraque.

As detenções em Sulaymaniyah aumentaram ainda mais o sentimento antiamericano na Turquia, onde muitos acreditam que os soldados foram humilhados.

No incidente, os soldados turcos ofereceram chá aos americanos, em obediência a uma tradição local. Os americanos, por sua vez, detiveram os turcos, reviraram o complexo militar e levaram documentos. Os turcos passaram mais de dois dias detidos em Bagdá.

Alguns oficiais americanos acusam as forças especiais turcas de planejarem o assassinato de uma autoridade curda iraquiana. A Turquia nega existência de qualquer plano nesse sentido.