Rio de Janeiro, 27 de Dezembro de 2025

Decreto migratório de Trump abre batalha legal

O decreto migratório do presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou nesta segunda-feira uma batalha legal, que pode se estender por meses, para determinar o futuro

Segunda, 06 de Fevereiro de 2017 às 08:46, por: CdB

Após apelação ser rejeitada, presidente dos EUA intensifica ataques a juiz que bloqueou controversa ordem executiva. Em meio a críticas de democratas e republicanos, governo deve agora justificar medida na Justiça

Por Redação, com DW - de Washington:

O decreto migratório do presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou nesta segunda-feira uma batalha legal, que pode se estender por meses, para determinar o futuro da mais controversa política de suas primeiras duas semanas no poder.

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Protesto em Washington em janeiro contra o decreto de Trump

O governo tem até a noite desta segunda-feira para apresentar a uma corte de apelação aspectos legais que justifiquem a ordem executiva assinada por Trump em 27 de janeiro. A medida prevê o veto à entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana por 90 dias e de refugiados em geral por 120 dias.

Neste domingo, um tribunal federal rejeitou a apelação do governo contra a decisão do juiz federal James Robart. Na última sexta-feira, o magistrado suspendeu a ordem executiva de Trump, após cerca de 60 mil pessoas terem seus vistos revogados como resultado do decreto. 

A decisão judicial obrigou o governo a revalidar milhares de vistos, e passageiros dos países afetados pelo decreto – Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen –, com vistos válidos, começaram a desembarcar no país. Em resposta, Trump intensificou os ataques a Robart e ao sistema Judiciário.

– Simplesmente não posso acreditar que um juiz tenha posto nosso país em tanto perigo. Se algo acontecer, a culpa será sua e do sistema judiciário. As pessoas estão entrando (no país). Ruim! – escreveu Trump em sua conta oficial no Twitter.

O presidente prometeu um controle mais rigoroso em aeroportos. "Instruí o Departamento de Segurança Nacional a examinar as pessoas que chegam a nosso país muito cuidadosamente. Os tribunais estão dificultando muito esse trabalho", escreveu.

Judiciário como ferramenta de controle

No sábado, Trump classificou Robart, nomeado pelo ex-presidente George W. Bush. Como um "assim chamado 'juiz'". Nos Estados Unidos, ataques de um presidente em exercício ao Judiciário são incomuns, e as palavras de Trump provocaram críticas do partido rival.

Diante dos ataques de Trump ao Judiciário, democratas questionaram a independência de Neil Gorsuch. Nomeado pelo presidente na semana passada para ocupar um dos nove assentos da Suprema Corte. O cargo ainda precisa ser confirmado pelo Senado.

O vice-presidente Mike Pence saiu em defesa de Trump. Apesar de membros do partido Republicano pedirem que o magnata evitasse tais declarações. A Constituição norte-americana define o Judiciário como uma ferramenta de controle do presidente e do Congresso.

– Não temos 'assim chamados' juízes, não temos assim chamados presidentes. Temos pessoas dos três braços do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário) que fazem um juramento para defender a Constituição – disse o senador republicano Ben Sasse, crítico de Trump.

O presidente argumenta que seu controverso decreto migratório, que pode agora enfrentar meses de batalhas legais, tem como objetivo proteger os EUA de terroristas. Críticos do magnata classificam a ordem executiva de discriminatória, inútil e legalmente duvidosa.

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