Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2025

Delações de Odebrecht indicam que esquema de corrupção começou na era FHC

Até agora, as informações prestadas por Marcelo Odebrecht aos procuradores da Operação Lava-Jato já somam 30 anexos, sendo que alguns tratam exclusivamente do suposto pagamento de propinas a políticos do PMDB

Terça, 09 de Agosto de 2016 às 10:55, por: CdB

Até agora, as informações prestadas por Marcelo Odebrecht aos procuradores da Operação Lava-Jato já somam 30 anexos, sendo que alguns tratam exclusivamente do suposto pagamento de propinas a políticos do PMDB, entre eles o presidente de facto, Michel Temer

 
Por Redação - de Curitiba
  A delação do empresário Marcelo Odebrecht, preso desde junho pela Operação Lava-Jato, tem causado um estrago nas hostes do governo que sustenta o golpe, em curso no Parlamento. Citado na manhã desta terça-feira no plenário da comissão que vota o impedimento da presidenta Dilma Rousseff, no discurso do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Odebrecht deixou consignado, na pré-delação — em análise pela Justiça —, que o caixa dois e o pagamento de propinas a políticos por meio de doações eleitorais são expedientes conhecidos pela classe política, desde meados dos anos 1990, ainda na gestão do presidente tucano, FHC. O volume de dinheiro, porém, foi ampliado na década passada, após a descoberta do pré-sal e com o estabelecimento do esquema de corrupção na Petrobras. Os contratos com a estatal, segundo o executivo, atingiram a casa dos bilhões de reais.
Marcelo-Odebrecht.jpgMarcelo Odebrecht permanece preso em Curitiba, enquanto negocia a delação premiada
Até agora, as informações prestadas por Marcelo Odebrecht aos procuradores da Operação Lava-Jato já somam 30 anexos, sendo que alguns tratam exclusivamente do suposto pagamento de propinas a políticos do PMDB, entre eles o presidente de facto, Michel Temer, e seus principais ministros. As informações desses inquéritos foram vazadas a jornalistas dos principais veículos da mídia conservadora. Odebrecht afirmou aos procuradores, nessa fase inicial da delação premiada, a existência de pagamentos ilícitos, comprovados em documentos da contabilidade da construtora que, garante, podem comprovar o caráter ilícito dos repasses e as suspeitas de envolvimento de políticos beneficiários finais da corrupção. Todo o material do Setor de Operações Estruturadas da empresa, o conhecido "departamento da propina", terá os dados comparados às informações prestadas pelo empresário e por outros candidatos a delatores ligados à companhia. A área de pagamentos de propinas foi descoberta a partir do depoimento da secretária Maria Lúcia Tavares Guimarães, que fez delação premiada e entregou documentos que mantinha em casa. Guimarães também orientou a Polícia Federal (PF) a localizar outras provas que ratificam a investigação, como e-mails trocados pelo executivo Fernando Migliaccio da Silva, além de planilhas, sistemas informatizados e comunicações realizadas por meio seguro (conhecido como sistema Drousys). Após mais de 10 horas de depoimento, o executivo encerrou por hora o fornecimento de informações aos investigadores. A força-tarefa, agora, começa a avaliar a consistência do que foi apresentado até agora. Herdeiro da maior empresa de construção civil do país, Odebrecht tem conversado com agentes da Procuradoria Geral da República (PGR), que estão habilitados a abrir inquéritos contra deputados, senadores, ministros e até o presidente de facto, Michel Temer, que têm prerrogativa de foro e somente poderão ser investigados criminalmente no Supremo Tribunal Federal (STF). A reportagem do Correio do Brasil procurou a assessoria de Imprensa do PMDB, que não retornou até o fechamento desta matéria. A Odebrecht prefere não revelar os termos das delações premiadas, em curso.
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