Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2025

Deputados congelam dívidas dos Estados no silêncio da madrugada

Os destaques ao texto base foram analisados em plenário, na sessão realizada nesta manhã. Entre eles estava o que pretendia retirar do texto a limitação ao crescimento dos gastos à inflação do ano anterior

Quarta, 10 de Agosto de 2016 às 09:27, por: CdB

Os destaques ao texto base foram analisados em plenário, na sessão realizada nesta manhã. Entre eles estava o que pretendia retirar do texto a limitação ao crescimento dos gastos à inflação do ano anterior

 
Por Redação - de Brasília
  Enquanto o Brasil dormia, na madrugada desta quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de renegociação da dívida dos Estados junto à União, que garante aos entes federados o alongamento no perfil dos valores devidos, além de carência nas parcelas iniciais. Após negociações, foi retirado do texto a exigência de os Estados congelarem por dois anos as remunerações dos servidores públicos.
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Henrique Meirelles destacou que, anunciadas e implementadas as medidas, elas serão mantidas
Os destaques ao texto base foram analisados em plenário, na sessão realizada nesta manhã. Entre eles estava o que pretendia retirar do texto a limitação ao crescimento dos gastos à inflação do ano anterior, aprovado por maioria. Para o líder do governo na Câmara, deputado Andre Moura (PSC-SE), apesar do destaque deferido, “foi mantida a essência do projeto aprovado nesta terça-feira”. O alongamento das dívidas estaduais com a União ocorrerá ao longo dos próximos 20 anos se cumpridas medidas de restrição fiscal. Para Moura, a retirada da exigência de os Estados congelarem por dois anos as remunerações dos servidores públicos "significa que o Executivo está sempre disposto a dialogar com o parlamento", disse. — Minha função era consultar os ministros (interinos) da área política, e com autorização do presidente (de facto) da República e do ministro (interino) da Fazenda, que é o responsável pela parte técnica do projeto nós entendemos que poderíamos atender a solicitação do relator (deputado Espiridião Amin, PP-SC), sabendo que a essência do projeto foi mantida — explicou Moura. Em janeiro do ano que vem, os Estados voltarão a arcar com serviço da dívida com a União, mas ainda com um desconto, pagando o montante de 5,26 por cento do valor renegociado, com crescimento no mesmo percentual a cada mês até chegar a 100 por cento em julho de 2018. O projeto estabelece ainda que o desconto ficará limitado a R$ 500 milhões por Estado para cada prestação mensal. As diferenças não pagas serão incorporadas ao saldo devedor, com juros normais, mas sem multa e juros de mora. As novas prestações mensais serão calculadas pela tabela Price, sem limite máximo de comprometimento da Receita Corrente Líquida dos Estados. Os juros de mora serão de 1 por cento e a correção da dívida será pela Selic ou IPCA mais 4 por cento, o que for menor. Em outra frente de alívio de caixa, o projeto prevê o alongamento das dívidas estaduais com a União em mais 20 anos.

Meirelles comemora

O ministro interino da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu nesta quarta-feira que os governadores têm "todos os instrumentos legais" para garantir o teto de suas despesas, "condição necessária para o enquadramento de cada Estado nos termos da renegociação" das dívidas com a União. Em comunicado, o ministro disse ainda que a aprovação do projeto de renegociação da dívida dos Estados pela Câmara dos Deputados nesta madrugada, "é o primeiro passo concreto do ajuste estrutural das despesas públicas brasileiras em décadas". Meirelles não comentou, porém, a retirada, para garantir a votação, de uma outra contrapartida que a União gostaria de impor aos Estados, que basicamente vedava aumentos de salários de servidores por dois anos.
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