Dilma aponta ataque à democracia na ação contra ex-presidente Lula

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Publicado Quarta, 14 de Setembro de 2016 às 18:06, por: CdB

Na denúncia dos promotores, em Curitiba, o ex-presidente Lula teria sido o “comandante máximo“ do esquema de corrupção na Petrobras

 
Por Redação, com agências de notícias - de Curitiba e Porto Alegre
  A presidenta deposta Dilma Rousseff protestou no início da noite desta quarta-feira, pelas redes sociais, contra a série de denúncias apresentada — sem provas que a sustentem — pelo Ministério Público Federal (MPF), contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu espaço, na internet, Dilma lamentou a "denúncia sem provas" feita contra o antecessor e sua família e diz que ela "atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir sua candidatura em 2018". Segundo a presidenta, que teve seu mandato cassado após o golpe de Estado, em curso no país, ”mais uma vez, a democracia é ferida"
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Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prova que não é dono de apartamento no Guarujá
Na denúncia dos promotores, em Curitiba, o ex-presidente Lula teria sido o “comandante máximo“ do esquema de corrupção na Petrobras. Coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol apresentou denúncia à Justiça contra Lula e mais sete pessoas, entre elas a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva. O Ministério Público Federal (MPF) acusa o líder petista dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Dallagnol afirmou que o ex-presidente recebeu mais de R$ 3,7 milhões em propina no esquema de corrupção na estatal, mas não comentou sobre eventual pedido de prisão do ex-presidente. Uma fonte da agência inglesa de notícias Reuters, que teve acesso à denúncia, no entanto, disse não ter visto pedido de prisão na peça acusatória. O procurador afirmou que Lula foi o responsável pela nomeação de diretores da Petrobras que atendiam às necessidades arrecadatórias de PT, PP e PMDB. — O Petrolão era parte de um esquema de governabilidade corrompida. Sem o poder de decisão de Lula esse esquema seria impossível. Lula era o elo comum e necessário entre o esquema partidário e o esquema de governo — imagina Dallagnol. Em entrevista coletiva concedida, na capital paranaense, o servidor público não apresentou qualquer prova para calçar suas acusações. Em comunicado, os advogados de Lula disseram que a denúncia apresentada nesta quarta-feira contra o ex-presidente tem motivação política e visa impedir que Lula seja novamente candidato à Presidência em 2018. "O MPF elegeu Lula como 'maestro de uma organização criminosa', mas 'esqueceu' do principal: a apresentação de provas dos crimes imputados", disseram os advogados em nota, acrescentando que Lula e a ex-primeira-dama repudiam veementemente a denúncia. A denúncia contra Lula envolve o suposto recebimento de propina pelo ex-presidente nos contratos firmados pela Petrobras para a construção das refinarias Repar, no Paraná, e Renest, em Pernambuco. Aponta, ainda que Lula seria o proprietário oculto de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e que teria recebido vantagens indevidas do ex-presidente da construtora OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, na forma de pagamento de reformas e aquisição de móveis e eletrodomésticos no imóvel. Lula, por sua vez, prova que o referido apartamento não consta de suas posses. Seus advogados afirmaram que a denúncia feita nesta quarta-feira, pelo MPF, no âmbito da Operação Lava Jato, no caso do apartamento tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista, é totalmente movida por cunho político e não tem nenhuma sustentação em provas. Tal fato repercutiu na base parlamentar do PT. — Assistimos a uma demonstração inequívoca da perda de qualquer liturgia, de qualquer isenção por parte de setores do Ministério Público Federal que definitivamente se assumem como partido político, parte de uma estratégia política cujo objetivo principal é a tentativa de criminalização do ex-presidente e do PT — disse o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). Segundo o parlamentar, a denúncia “é condenável pela maneira como foi preparada, vazada de maneira sistemática em pequenos tópicos, em que boa parte da imprensa já recebia um lead por parte de Curitiba, antecipando o conteúdo de uma coletiva feita à base de extensa pirotecnia, em power-point, que chega a ser ridícula”. — Não há nenhuma prova. Dr. Dallagnol em nenhum momento apresentou prova. Ele busca um culpado, o presidente Lula, e partir dessa culpa desenvolve uma tese para justificar o seu ponto de vista — afirmou Pimenta. Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, essas acusações são "de cunho claramente político para o fim estabelecido desde o início da operação, que é impor uma condenação indevida e injusta a Lula e Marisa". O advogado disse, em entrevista coletiva, que a denúncia foi apresentada em um inquérito que tramitava de forma oculta. O MPF requereu e o juiz de Curitiba (Sérgio Moro) deferiu a tramitação oculta. — Lamento profundamente que hoje a Lava Jato tenha se utilizado dos recursos dos cidadãos para fazer uma narrativa falsa, de fim político e estranha à própria denúncia apenas para atingir a reputação de Lula e seus familiares — conclui Martins.

Resposta imediata

Após ser denunciado hoje pelo MPF por "comandar esquema de corrupção na Petrobras", Lula recorreu às redes sociais para negar seu envolvimento. Em resposta à afirmação de que é dono de um apartamento tríplex no Guarujá, no litoral paulista, alvo das investigações da Lava Jato, o Instituto Lula postou nota intitulada "Os documentos do Guarujá - desmontando a farsa". Lula diz que desde 30 de janeiro tornou públicos os documentos que provam que ele não é dono do imóvel. Pelo Twitter, o ex-presidente postou uma nota do blog do Mario Magalhães, mencionando uma "curiosidade histórica": "Tratado como ladrão, JK foi acusado de ser dono de imóvel em nome de amigo". O presidente do PT, Rui Falcão, que almoçava com Lula quando ele recebeu a notícia, disse que se houver um mínimo de justiça no país, a denúncia não será acatada.
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