Adiantou o horário do seu voto para os primeiros minutos após a ligação do sistema eletrônico das eleições municipais. A polícia secreta do presidente de facto, Michel Temer, o conduziu pela porta dos fundos até a urna eletrônica. Temer, assim, driblou novamente a democracia
Por Redação - do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre
As diferenças entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT e os dois últimos presidentes da República extraídos da vontade popular, nas urnas, e o atual ocupante do Palácio do Planalto, Michel Temer (PMDB), tornaram-se mais evidentes neste domingo, durante as eleições municipais. Temer quebrou a regra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e furou a fila do local de votação, na capita paulista, antes do horário previsto. Não sem antes promover uma ‘pegadinha’ para as equipes de reportagem e movimento sociais, que planejavam as manifestações #ForaTemer. Marcou o horário que iria votar para as 11h, em uma seção eleitoral na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) mas, em cima da hora, mudou de ideia.
Temer fura fila e vota escondido para evitar protestos de manifestantes nas eleições municipais
Adiantou o horário do seu voto para os primeiros minutos após a ligação do sistema. A polícia secreta do presidente de facto, Michel Temer, o conduziu pela porta dos fundos até a urna eletrônica. Temer, assim, driblou novamente a democracia. Após um rápido cumprimento aos mesários, Temer registou seu voto. Os eleitores, do lado de fora da seção eleitoral, pouco perceberam após enganados. Mais uma vez, Temer se esconde do público, a exemplo das Olimpíadas, no Rio, para evitar os manifestantes.
Dilma aplaudida
O verso da moeda política que divide o Brasil, no entanto, é o extremo oposto em popularidade. Presidenta deposta em 13 de Maio deste ano, Dilma Rousseff (PT) votou por volta das 13h30 no colégio estadual Santos Dumont, na Zona Sul de Porto Alegre. Ela chegou acompanhada do candidato petista à prefeitura da capital gaúcha, Raul Pont, e os manifestantes a aplaudiram e tentaram se aproximar, na tentativa receber o cumprimento da eleitora ilustre.
Dilma recebeu flores em sua chegada e afirmou que “essa eleição vai surpreender”. Na entrada, jornalistas que queriam acompanhar o voto da presidenta terminaram por se acotovelar e causar um princípio de confusão. A autoridade eleitoral presente precisou intervir e informar que, sem mandato devido ao golpe, Dilma estava no local na condição de cidadã comum. Não seria permitido, portanto, o acesso da mídia ao local da urna. Dilma não se abalou e seguiu adiante, até a cabine de votação. Na saída do colégio, militantes fizeram um corredor humano para saudar a ex-presidenta.
Lula nas Eleições municipais
Embora perseguido e humilhado, publicamente, por Sergio Moro, chefe da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se escondeu. Votou, no início da tarde deste domingo, em São Bernardo do Campo, acompanhado da mulher, Marisa Letícia, do deputado federal Vicentinho (PT-SP) e do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. Lula afirmou que o PT vai surpreender nestas eleições. Mas caso o PT não chegue à vitória nas prefeituras esperadas, trata-se de uma situação natural do jogo político. O PT vive seu pior pesadelo desde que foi fundado, no início dos anos 80.
Ao chegar ao local de votação, Lula foi recebido por aplausos e algumas vaias. O ex-presidente afirmou que todos os partidos estão passado por crises.
— Acho que o PT vai surpreender nessa eleição, mas perder e ganhar faz parte do jogo. O jogo da eleição não define a história de um partido, mas o momento da eleição. Estamos em uma guerra da imprensa contra o PT que já dura sete anos. Pesquisas apontam o PT como legenda preferia do eleitorado brasileiro. Se enganam os que pensam que podem acabar com o PT. Nunca tive a imprensa a favor de mim, nunca sai em uma capa favorável e sobrevivi — disse, em coletiva de imprensa após votar.
Segundo o líder petista, a perseguição judicial tem fundo político:
— Aparece um procurador (Deltan Dallagnol, que o acusou de ser o principal nome da Lava Jato) e faz uma denúncia pífia, dizendo que tem convicções (mas não tem provas). Eu também tenho convicções e fico tranquilo, porque a História não é escrita em um minuto. Às vezes demora meio século, às vezes cem anos, mas a História vai ser construída verdadeiramente — disse.
Lava Jato
Questionado sobre se a Operação Lava Jato poderia influenciar o resultado das eleições, Lula disse que acredita que isso pode ocorrer em algumas cidades, mas não no resultado geral.
— Nas cidades médias e pequenas os eleitores votam muito em função da obra na sua rua, da escola do seu bairro — afirmou.
Em São Bernardo, Lula apoia o candidato petista Tarcisio Secoli, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.
— Conheço Tarcísio desde o tempo da Mercedes Bens e sei o que ele pode realizar. É preciso colocar quem pensa no povo e quem pensa na cidade. Não vote no ódio que você tem por alguém, mas pelo que você quer para seus filhos — afirmou.
Sobre a eleição de São Paulo, Lula afirmou que o atual prefeito, Fernando Haddad, é "um orgulho para a cidade" e que o município "não pode correr o risco de jogar isso fora para trocar por um aventureiro", em alusão à campanha do tucano João Doria.
— Eu não vou falar de convicção, tenho certeza que Haddad é um orgulho — afirmou o ex-presidente.
Lula criticou a gestão do presidente Michel Temer.
— Sabe o que está faltando no Brasil hoje? Voltar a colocar o pobre no orçamento. Quando o pobre puder voltar a andar de avião e comprar suas coisas, a indústria voltará a produzir, as pessoas voltam a ter emprego e o país volta a crescer. Quanto mais ódio se estimula contra mim, mais amor se cria. É por isso que surpreende de vez em quando se faz pesquisas sobre mim. Só tem um jeito de tentar me parar, que é evitando que eu ande pelo Brasil. Esse país aprendeu a tomar café, almoçar e jantar, aprendeu a entrar na universidade e não quer voltar atrás — concluiu.
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