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Publicado Sábado, 16 de Julho de 2011 às 00:25, por: CdB

QUEM SÃO  ELAS?


Marina Amaral:: Comecei no jornalismo em 1984, como copydesk de Política na Folha de S. Paulo, e me apaixonei pelo ritmo do jornal diário – naquele momento, o país passava pela transição democrática, complicada pela doença que levaria à morte o presidente eleito, Tancredo Neves. Mas encontrei-me no ofício quando fui para a  reportagem, primeiro na televisão, depois na redação da revista Globo Rural, a qual fui levada, sob protestos, por meu primo, Renato Pompeu.

Não poderia imaginar, que trabalhando com temas tão distantes das minhas preocupações de jovem jornalista paulistana, encontraria minha vocação como repórter. Mas, como insistia Renato, ali eu iria conhecer os craques do jornalismo brasileiro, como o mestre Sérgio de Souza – o mago do texto de Realidade -, que dirigia a redação formada por Mylton Severiano, José Trajano, Roberto Manera, Guilherme Cunha Pinto e o grande repórter José Hamilton Ribeiro.

Essa turma me levaria à experiência fantástica de participar da fundação da revista Caros Amigos, idealizada por Sérgio de Souza, o nosso “fazedor de revistas”. De 1997 a 2007 escrevi livremente todas as matérias que quis – dos movimentos sociais à vida das mulheres muçulmanas, de reportagens policiais às políticas, ou econômicas. Aí aprendi na prática o que dizia sempre o Serjão: repórter não é especialista, é repórter. E se é repórter, investiga, com foco no leitor. É a regra do jogo.

Natalia Viana:: Como repórter, sei bem onde é o meu lugar: na rua. Desde que comecei minha carreira na revista Caros Amigos, em 2002, nunca servi pra ficar em redação. Durante quatro anos bati perna para fazer longas reportagens para a revista – pelas quais ganhei o prêmio Andifes de Jornalismo e menção honrosa no prêmio Vladimir Herzog.

Ao mesmo tempo, comecei a bolar projetos de reportagem independentes. A primeira foi em 2004, quando fui à Bolívia conhecer o movimento cocaleiro. Voltei com um perfil exclusivo do futuro presidente Evo Morales, publicado na Caros Amigos. Desde então, não parei mais. Colaborei com veículos nacionais e internacionais,integrando diversas mídias, linguagens e línguas.

Enquandto cursava mestrado em  Londres, ajudei a investigar e produzir o documentário “Black Money”, sobre corrupção internacional, para a  TV pública americana PBS, e também o documentário “Anthrax War”, veiculado pela TV canadense. Colaborei também com a BBC, Guardian, Independent, Sunday Times, entre outros.

Em 2007 publiquei meu primeiro livro-reportagem, Plantados no Chão (Ed Conrad), que discute os assassinatos de lideranças sociais no Brasil. Em 2010 escrevi os livros “Movimento, uma Reportagem”, sobre um jornal de resistência durante a ditadura militar, e “Habeas Corpus – Apresente-se o Corpo”, sobre os desaparecidos políticos, para a Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Desde o ano passado, sou parceira no Brasil do WikiLeaks, organização que publica documentos que expôem má conduta de governos, empresas e instituições. Por este trabalho, recebi o Troféu Mulher Imprensa 2011.

Tatiana Merlino:: Foi fuçando numa pasta cinza cheia de jornais amarelados que tudo começou. Ali ficavam as reportagens de meu tio que minha avó guardava com tanto carinho. Cada visita à sua casa rendia a leitura de uma delas.

No começo, entendia pouco. Com o passar do tempo, a curiosidade virou paixão. Quando minha avó veio morar conosco, eu já entendia os textos da pasta cinza, e queria ser jornalista como meu tio, a quem admirava sem conhecer.

Luiz Eduardo Merlino fora assassinado pela ditadura civil-militar em 1971, cinco anos antes de meu nascimento. Uma das motivações para a escolha da profissão foi, sem dúvida, a vontade de ir atrás de histórias escondidas e mal contadas, como a de sua morte.

É isso que vem pautando meu trabalho jornalístico desde 2002. Depois de uma breve passagem pela imprensa especializada em publicidade, fui para o jornal Brasil de Fato, onde aprendi, na prática, a ser jornalista. Durante os seis anos que lá estive, trabalhei como repórter e editora e fiz inúmeras matérias e reportagens em diversas áreas, especialmente direitos humanos e movimentos sociais.

Em 2009, fui convidada para assumir o cargo de editora-adjunta da Caros Amigos, onde ganhei dois prêmios Vladimir Herzog de jornalismo, nas categorias revista e internet – o segundo em parceria com a repórter Lúcia Rodrigues – e uma menção honrosa da mesma premiação na categoria revista.

Em 2010, coordenei e editei, com o jornalista Igor Ojeda, o livro “Luta, substantivo feminino: mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura”, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e coordenei o relatório Direitos Humanos no Brasil 2010, da organização não governamental Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Atualmente, escrevo, juntamente com Igor Ojeda, um livro-reportagem sobre o episódio que ficou conhecido como a Invasão Corintiana ao Maracanã de 1976.

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