ES: lama na superfície é maior que no fundo do oceano

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Publicado Terça, 01 de Dezembro de 2015 às 09:22, por: CdB
Por Redação, com ABr - de Brasília: A extensão da pluma (mancha de lama) na superfície do oceano no Espírito Santo é maior do que a encontrada no fundo. Levantamento feito pela Marinha informa que os pesquisadores identificaram na água partículas finas em suspensão, entre 0,45 e 5 milésimos de milímetro. A dispersão da lama é complexa e influenciada principalmente pelos ventos, pelas correntes, marés e a batimetria (profundidade). A Marinha apresentou na segunda-feira o relatório preliminar dos impactos no litoral do Espírito Santo, na Foz do Rio Doce, da lama com rejeitos de minério que vazou do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), no dia 5 deste mês. O levantamento está sendo feito pelo navio de pesquisa Vital de Oliveira.
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Lama de barragem que se rompeu em Minas avança sobre o mar no Espírito Santo
Do dia 26 de novembro até esta segunda-feira, os 130 profissionais embarcados definiram a área de influência e os parâmetros físicos, químicos, geológicos e biológicos de maior relevância para caracterização. Segundo a assessoria da Marinha, ainda não há resultados sobre a toxicidade da lama que foi para o oceano. As conclusões serão divulgadas após análises das amostras em laboratórios, que devem durar cerca de três semanas. A segunda etapa do levantamento começou nesta terça-feira e vai até o próximo sábado, quando será feito o detalhamento da área de influência e dispersão da lama e a representatividade espacial e temporal das análises feitas na primeira etapa. Segundo a Marinha, nesta primeira etapa, foram definidos 21 pontos de coleta dentro da área preliminar de caracterização. Em alguns pontos, as análises ocorreram em mais de duas profundidades. No total, foram coletadas 391 amostras de água e sedimento que compreendem 350 litros de água e 65 kg de sedimentos, aproximadamente.

Samarco, Vale e BHP

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou na segunda-feira uma ação civil pública contra a mineradora Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP, com pedido de indenização de pelo menos R$ 20 bilhões pelos danos sociais, ambientais e econômicos provocados pelo rompimento da barragem Fundão, em Mariana (MG), no dia 5 deste mês. O rompimento liberou mais de 50 mil toneladas de lama com rejeitos de mineração, deixou pelo menos 13 motos, devastou o distrito de Bento Rodrigues e atingiu o Rio Doce, chegando ao litoral do Espírito Santo. A medida foi anunciada na última sexta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, após reunião no Palácio do Planalto com a presidenta Dilma Rousseff e os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung. A ação é assinada pelos procuradores-gerais Renato Vieira (AGU), Paulo Kuhn (União), Rodrigo Rabello (do Espírito Santo) e pelo advogado-geral de Minas Gerais, Onofre Batista. A ação pede que seja criado um fundo privado com R$ 2 bilhões e mais R$ 2 bilhões anuais, por 10 anos. Os recursos, pagos pelas empresas, serão utilizados na recuperação do meio ambiente e na reparação dos danos socioeconômicos, de acordo com ações definidas pelos órgãos ambientais federal e estaduais. Renato Vieira disse que a ação civil pública tem quatro objetivos. “O primeiro é estancar o dano ambiental, fazer com que o dano que continua em expansão pare de ocorrer. Em relação àquele dano que infelizmente não é possível evitar, a ação pede que eles sejam minimizados. Traz ainda a determinação no sentido de prever uma recuperação do meio ambiente danificado. E, por fim, aquilo que não é possível de se revitalizar, que seja indenizado”, disse. Rodrigo Rabello explicou que a estimativa do valor a ser gasto na recuperação da Bacia do Rio Doce e da zona costeira será calculada ao longo da construção do plano e que se for necessário mais recursos serão solicitados às empresas para complementar o fundo. “O importante é criar o instrumento de recuperação”, disse. A ideia da ação conjunta, segundo Onofre Batista, é buscar uma indenização integral evitando “ações de rapina”, de aproveitadores, ações que olhem para o microuniverso, sem um plano integral, e ações desarticuladas. “Acreditamos que é o menos oneroso também para as empresas envolvidas”, disse, contando que foram apresentadas 86 ações individuais sobre o desastre. – Nós olhamos muito as experiências de fora do país. Sabemos que as ações desarticuladas foram responsáveis mundo afora pela ineficácia das ações – explicou Batista.
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