Extração ilegal de madeira nobre termina em morte no Maranhão

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Publicado Quinta, 07 de Janeiro de 2016 às 11:34, por: CdB

Passados cinco dias do achado de cadáver, no Maranhão, não houve instauração de inquérito policial e ninguém foi ouvido pelas autoridades policiais locais

Por Redação - de São Luís
O assassinato do militante pela ecologia e Direitos Humanos Antônio Izidio Pereira da Silva, descoberto na véspera do Natal passado, levou os moradores da comunidade de Vegel, no Maranhão, a encaminhar uma carta aberta às autoridades, para que a Polícia Federal passe a investigar o crime, uma vez que há suspeitas de irregularidades no inquérito aberto pela polícia estadual. A área defendida por Izidio é uma reserva ambiental, rica em madeira de Lei, que tem sido degradada por grileiros locais. Leia, em seguida, a carta encaminhada aos governantes:

Exigimos medidas concretas das autoridades para investigar e punir os responsáveis

Exma. Presidenta Dilma Rousseff, Exmo. Senhor Governador do Estado do Maranhão, Dr. Flavio Dino, Exmo. Senhor Presidente do Conselho Nacional de Justiça - Ministro Ricardo Lewandowski
madeira-de-lei.jpgA extração de madeira de lei, no Maranhão, é uma prática criminosa que perdura há séculos
Dia 24 de Dezembro, vésperas de Natal, recebemos a triste notícia da morte do defensor de direitos humanos Antônio Izídio Pereira da Silva, conhecido como Leis, morador da comunidade de Vergel distante 51km de Codó, no Maranhão. Antonio Izídio foi encontrado morto próximo a sua casa e estava desaparecido desde domingo. Ele era o último sobrevivente de um conflito que envolve as terras de Vergel, extremamente ricas em madeira de lei. O conflito já fez 6 (seis) vítimas antes dele e somente uma dessas mortes foi investigada e convertida em processo criminal, que se arrasta há 5 anos. Executores e mandantes das mortes dos camponeses de Vergel jamais foram punidos. Antonio Izídio foi a sétima vítima de uma sucessão de injustiças que encontra suas raízes nos anos de 1980, período em que a terras de Vergel, com dois mil hectares, foram griladas em um processo de inventário que se arrasta desde 24 de outubro de 1984. Em razão do conflito, a comunidade foi sendo esvaziada e hoje se encontra morando no local apenas a família de Antonio Izídio. Por solicitação da Comissão Pastoral da Terra - CPT do Maranhão, o Programa de Defensores de Direitos Humanos, ligado à extinta Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, realizou entrevista com a liderança, mas arquivou a solicitação em novembro de 2014, por falta de nexo de casualidade entre a atuação na promoção e defesa dos direitos humanos e as ameaças relatadas, após envio de e-mail do Ministério Público do Maranhão, que entendeu não haver animosidade latente no local do conflito. Apesar das constantes ameaças que sofria, Antonio Izídio foi o último herdeiro legitimo que continuava a lutar pelo seu direito de viver e trabalhar em suas terras. No dia 19 de dezembro de 2015, Antônio Izídio conversou longamente com o pároco local, padre José Weisensteiner, informando ao mesmo que ocorria exploração ilegal de madeira de lei nas terras de Vergel e que ele iria levar o caso às autoridades na segunda-feira, dia 21.12.2015. O corpo de Antônio Izídio foi encontrado em estado avançado de decomposição no dia 24 de Dezembro de 2015, enterrado numa cova rasa de 5 palmos, envolto em rede e sacos plásticos. Passados cinco dias do achado de cadáver, não houve instauração de inquérito policial e ninguém foi ouvido pelas autoridades policiais locais. Diante destes fatos, exigimos, a bem da verdade e da Justiça: • Que seja instaurado inquérito policial para exumar o corpo e estudar a causa da morte de Antônio Izídio Pereira da Silva o mais rápido possível pois provas importantes podem perder-se devido a condições em que o corpo foi enterrado. • Que caso for provado o assassinato que todas as medidas sejam tomadas com o objetivo de encontrar e punir os culpados • Que o inventário sobre as terras de Vergel, que tramita na 3ª vara da Comarca de Codó-Ma, sob o Nº 003/1984 seja finalmente concluído e que a morte de todas as vítimas do conflito não tenha sido em vão. Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Maranhão
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