Filme sobre matemático indiano genial emociona o público

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Publicado Sábado, 14 de Janeiro de 2017 às 15:07, por: CdB

Superado o ceticismo inicial, Hardy promoveu a viagem do matemático indiano de Madras, no sul da Índia, para o notável Trinity College, na Universidade de Cambridge

 

Por Redação - de São Paulo

 

O matemático britânico Godfrey Harold (G.H.) Hardy recebeu, em 1913, uma carta escrita de um lugar esquecido da Índia. O autor era um jovem indiano Srinivasa Ramanujan. Sem sequer o ensino primário, era capaz de produzir fórmulas impensáveis, sem qualquer ensinamento formal em matemática pura.

ramanujan.jpgNo filme , Jeremy Irons vive G.H. Hardy e Dev Patel, o papel do matemático indiano Ramanujan
O homem que conhecia o infinito

Superado o ceticismo inicial, Hardy promoveu a viagem de Ramanujan de Madras, no sul da Índia, para o notável Trinity College, na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Procurava, assim, desvendar o segredo do autodidata.

O encontro revelou ao mundo fórmulas que permitem calcular, em alta velocidade, os infinitos decimais do número Pi. Mais de um século depois, o legado da breve vida de Ramanujan ainda influencia, definitivamente, a Matemática, a Física e a Ciência da Computação.

Esta história foi imortalizada no filme O homem que conhecia o infinito, protagonizado por Jeremy Irons (Hardy) e Dev Patel (Ramanujan). Hardy, um ateu convicto, se viu diante de uma encruzilhada, ao saber que toda a genialidade de Ramanujan era atribuída, por ele, a uma deusa indiana.

— Não acredito na sabedoria imemorial do Oriente, mas acredito em você — disse Hardy a Ramanujan, em reconhecimento ao tributo.

Teorema indiano

O matemático ouvia os sussurros de um ser superior as fórmulas que resolviam problemas até ali, insolúveis.

— Hardy, qual o número do taxi que você veio?

— Um número sem importância, sem relevância, era o 1729.

— Não Hardy, esse é um belo número. Ele é o menor inteiro formado pela soma de dois outros inteiros elevados ao cubo!

Essa conversa se passou no leito de um hospital em Londres, por volta de 1920, quando Ramanujan tratava da tuberculose adquirida nos frios alojamentos que lhe cederam no Trinity College. A história de Ramanujan, hoje semideus e herói nacional da India, é o relato de uma história triste, melancólica e que merecia um final feliz.

Ramanujan teve apenas um livro na vida. Era um livro de matemática que ele levava para todo lugar, com mais de 6 mil fórmulas agrupadas como um guia de álgebra. Suas irmãs contaram que ele largou as brincadeiras ainda com 9 anos para ficar o dia todo fazendo contas e mais contas em seus cadernos.

Carta

Nem mesmo ir a escola ele quis, desistindo do ensino médio. Graças a ajuda de amigos, conseguiu um emprego num porto, como cobrador de impostos local no porto de Madrasta.

Mas, nas horas livres, escrevia fórmulas e milhares de números em seus cadernos. Certo dia, descobriu o nome de três grandes matemáticos da Inglaterra. Enviou uma carta para cada um, com a descrição sobre sua demonstração de 120 teoremas. Dois dos matemáticos nem leram a carta e jogaram-na no lixo, pensando se tratar de algo fraudulento ou coisa de louco.

O terceiro matemático era G.H.Hardy, idolatrado por Ramanujan. Apesar de cético, mudou de ideia ao receber a visita de outro amigo matemático, Hardy comentou sobre a carta de um indiano com o amigo John Littlewood, Ele se surpreendeu com o conteúdo e alertou Hardy que ali se encontravam provas de diversos teoremas há muito pesquisados. Não era uma fraude. Era uma preciosidade. Ambos passaram a noite inteira lendo e revisando os resultados e se maravilharam com aquilo.

Rejeição

Apesar da genialidade, o filme denuncia a rejeição que Ramanujan precisou enfrentar na Inglaterra. Apenas os esforços de Hardy, e o apoio de alguns membros da faculdade Trinity como J. E. Littlewood, Ramanujan trilhou um caminho difícil até o reconhecimento pleno e mundial de sua genialidade.

O brilho do matemático indiano terminou cedo. Seus resultados e o apoio da Hardy o levaram à Royal Society e a ser membro do Trinity College, mas não aproveitaria muito essas honras. Em 1920, aos 32 anos e somente sete depois de ter enviado a carta que o levou à Inglaterra, a tuberculose encerrou seu período na Terra.

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