Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2025

Indústria é o segmento que mais promove o desemprego, segundo IBGE

No cenário recessivo do país, de acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na véspera, a indústria é um dos segmentos que mais vem cortando postos de trabalho, apesar da aparente estabilidade da produção nas fábricas.

Quinta, 18 de Agosto de 2016 às 12:06, por: CdB

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, o número de trabalhadores empregados no setor encolheu em 1,4 milhão entre o segundo trimestre de 2015 e o mesmo período deste ano

 
Por Redação - de São Paulo
  No cenário recessivo do país, de acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na véspera, a indústria é um dos segmentos que mais vem cortando postos de trabalho, apesar da aparente estabilidade da produção nas fábricas.
desemprego1.jpgOs números do desemprego aumentam na indústria, em todo o país, segundo pesquisa do IBGE
Segundo os dados divulgados pelo IBGE, o número de trabalhadores empregados no setor encolheu em 1,4 milhão entre o segundo trimestre de 2015 e o mesmo período deste ano. Em relação aos três primeiros meses de 2016, o desemprego industrial aumentou 0,5%. A produção industrial, no entanto, vem aumentando gradualmente desde março. O leve crescimento, porém, não impactou no quadro de demissóes. Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), após um ano segurando a abertura de vagas, em 2015, o setor passou a fazer demissões com mais força neste ano. — O fechamento de postos é um movimento mais recente. Nenhuma empresa demite se pretende recontratar daqui a seis meses. Por isso, a reação do mercado de trabalho deverá ser posterior à recuperação do setor — disse a jornalistas
graf-emprego-300x221.jpgClique para ampiar
A retomada da produção, nas fábricas, ocorre no momento em que a indústria opera abaixo de sua capacidade, o que ajuda a explicar a melhora da produção junto com o aumento do desemprego. Em julho, segundo sondagem da FGV, a utilização da capacidade instalada estava a 73%, abaixo do nível de julho de 2015 e ainda muito inferior aos padrões históricos do setor (acima de 80%). — Todo movimento conjuntural deixa um rastro estrutural. A indústria que entrou na crise não será a mesma que sairá da crise — afirma Cagnin. A pesquisa do IBGE indica que o setor vem perdendo importância na geração de empregos, como consequência da recessão e da crise do setor, que é anterior ao mergulho da economia, em 2014. Terceiro principal empregador, atrás apenas do comércio e da administração pública, o setor encolheu de 14,2% para 12,8% em sua participação na ocupação. O recuo ocorreu no último ano, entre o segundo trimestre de 2015 e o mesmo período de 2016. A maior queda ocorreu em São Paulo, onde a indústria, então o principal empregador, perdeu o posto para o comércio em 2016. No Estado, a participação do setor na ocupação caiu de 18,6% para 16%.

Aumento no desemprego

Cagnin afirma, porém, que a redução do número de ocupados entrou num ritmo mais lento no segundo trimestre deste ano, o que poderia sugerir uma estabilização do desemprego. No primeiro trimestre, o número de trabalhadores ocupados no setor recuara mais: 1,5 milhão. Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da FGV, prevê, contudo, que poderá ser pela indústria a recuperação do emprego, quando ele retornar, no ano que vem. — Há alguns sinais de que a indústria estancou, mas a atividade econômica não está evoluindo ainda. Se isso se concretizar, a tendência é que o emprego retorne antes no Sudeste e no Sul — afirma, referindo-se às regiões onde estão localizados os principais parques industriais do país. Ele prevê que a ocupação volte a aumentar em 2017. Em todo o país, o desemprego já afeta mais de 10% da força de trabalho em 18 Estados e no Distrito Federal. Há um ano atrás, o problema estava localizado em apenas quatro Estados.
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