Justiça da Tailândia emite mandado de prisão contra ex-premiê

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Publicado Sexta, 25 de Agosto de 2017 às 07:39, por: CdB

Yingluck Shinawatra alega problemas de saúde e não comparece a leitura de sentença. Imprensa local e fontes próximas falam em fuga para Cingapura. Deposta em 2014, ela é acusada de negligência

Por Redação, com DW - de Jacarta:

A Justiça da Tailândia emitiu um mandado de prisão contra a ex-primeira-ministra da Tailândia Yingluck Shinawatra depois que ela não compareceu à leitura de sua sentença num caso de negligência, anunciou o Supremo Tribunal do país nesta sexta-feira. Segundo um jornal local e fontes próximas à ex-premiê, ela fugiu para Cingapura. 

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Yingluck Shinawatra é acusada de negligência em programa de subsídio de arroz

A defesa de Yingluck, deposta em maio de 2014, alegou que sua representada está doente. Mas, devido à falta de um atestado médico, o painel de juízes decretou sua prisão. Segundo um jornal local, ela fugiu para Cingapura. 

– O advogado disse que Yingluck Shinawatra está doente e que pede para adiar a sentença. O Tribunal não acredita que ela esteja doente e decidiu emitir um mandado de detenção – disse o juiz Cheep Chulamon. O tribunal adiou para 27 de setembro a leitura da sentença de Yingluck.

– A equipe de Yingluck me contatou para eu transmitir ao tribunal que ela não poderia participar – explicou o advogado Norawit Lalaeng. "Não sei do paradeiro de Yingluck. Não posso confirmar se ela ainda está no país." Centenas de apoiantes se reuniram nas proximidades do tribunal à espera da ex-premiê.

De acordo com o diário local Khaosod, a ex-primeira-ministra viajou na quinta-feira a Cingapura para evitar a sentença. Yingluck se encontra na cidade-Estado com seu irmão Thaksin; que também ocupou o cargo de premiê da Tailândia e que vive em um autoexílio nos Emirados Árabes Unidos desde 2008, para evitar uma condenação a dois anos de prisão. Segundo fontes próximas da família citadas pelo jornal.

Postos de controle

À agência inglesa de notícias Reuters, uma fonte próxima pertencente ao partido de Yingluck, Puea Thai, disse em anonimato que ela "definitivamente fugiu da Tailândia". Outra fonte confirmou à agência que ela deixou o país.

O chefe da junta militar, Prayut Chan-O-Chan, ordenou o reforço nos postos de controle fronteiriços tailandeses e também em todo o território nacional. O chefe do departamento de imigração, Natorn Prohsuntorn. Afirmou não haver nenhum registro oficial de que Yingluck deixou a Tailândia.

Perdas bilionárias

Yingluck é acusada de negligência na supervisão de um plano de subsídios aos produtores de arroz que, segundo a comissão anticorrupção, causou perdas de 600 bilhões de bahts (18,3 bilhões de dólares) e fomentou a corrupção. No controverso programa, o governo comprou arroz dos agricultores por preço superior ao do mercado. Porém, muitas sacas nunca foram revendidas. 

Segundo os investigadores, os membros do governo também utilizaram o programa para comprar votos no nordeste da Tailândia. Yingluck afirma que é inocente e se diz vítima de um jogo político. A ex-premiê enfrenta uma pena de 10 anos de prisão, que pode ficar em suspensão condicional, e uma multa de 35,7 bilhões de baht (cerca de 1 milhão de dólares) em conceito de indenização.

Tribunal Constitucional

A ex-primeira-ministra foi deposta após uma polêmica sentença do Tribunal Constitucional, acusada de abuso de poder por influenciar na substituição de um funcionário do primeiro escalão, poucos dias antes de os militares tomarem o poder através de um golpe de Estado em maio de 2014.

Em 2015, o Parlamento tailandês, dominado pelos militares, aprovou o impeachment de Yingluck e a baniu de qualquer atividade política durante cinco anos, pela mesma acusação de negligência no plano de subsídios do arroz.

Eleições

Yingluck chegou ao governo em 2011, após vencer as eleições com maioria absoluta, à frente de um dos partidos criados por seu irmão e ex-premiê, Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe em 2006.

As plataformas políticas ligadas a Thaksin ganharam todas as eleições na Tailândia desde 2001 graças ao apoio da classe rural do nordeste do país; e mesmo com a oposição de grande parte da classe média e das elites ligadas à monarquia e ao Exército.

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