Rio de Janeiro, 19 de Dezembro de 2025

Lula sugere que Lava Jato passe a se chamar Operação Boca de Urna

Muito da pressão que levou o juiz Sergio Moro, titular da Justiça Federal, no Paraná e comandante da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), a liberar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega deveu-se à reação dos principais líderes de esquerda e centro-esquerda, parlamentares de diversos partidos, nas redes sociais

Quinta, 22 de Setembro de 2016 às 10:07, por: CdB

Os parlamentares recorreram às redes sociais para comentar a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, liberado cerca de quatro horas depois, no âmbito da Operação Lava Jato

 
Por Redação - de São Paulo
mantega-preso.jpgMantega é algemado e preso por um agente da PF a serviço da Lava Jato
Muito da pressão que levou o juiz Sergio Moro, titular da Justiça Federal, no Paraná e comandante da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), a liberar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega deveu-se à reação dos principais líderes de esquerda e centro-esquerda, parlamentares de diversos partidos, nas redes sociais. Pouco antes de Mantega ser liberado, em entrevista à Rádio Povo do Ceará, na manhã desta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a prisão do ex-ministro, na 34ª fase da Lava Jato. Mantega acompanhava a mulher em uma cirurgia, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. — Parece até que se chama Operação Boca de Urna. Está chegando perto das eleições, eles vêm para cima do PT – comentou Lula. O ex-presidente denunciou a perseguição contra o partido, como fez o presidente da legenda, Rui Falcão. — As pessoas poderiam tratar o Guido como ele deveria ser tratado — acrescentou Lula.

Estado de direito

Conforme comentou a economista e correspondente do Correio do Brasil, em Paris, Marilza de Melo Foucher: “Prenderam o Mantega no leito de hospital, o Estado fascista chamou uma coletiva pra denunciar o Lula. Denúncia que, todos sabem, não tem prova. Somente convicção que eles querem prender Lula e sua família. Como sabem também que o povo vai às ruas e não votará em golpistas. O Michel ‘Fora Temer’, aliado de Cunha e Moro, segue destruindo o Estado de direito”. Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o quadro que se apresenta é mais grave. Com a presença de apenas quatro deputados na Câmara, segundo registro da Mesa Diretora da Casa, os parlamentares recorreram às redes sociais para comentar a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na manhã desta quinta-feira. Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que foi ministra do governo Dilma Rousseff, a medida "revela perseguições" e abuso de prisões preventivas. "Mantega foi preso no hospital, onde esperava esposa sair de cirurgia. Deixou o filho ali sozinho. Que risco oferece? Espetáculo deplorável. A prisão de Mantega no hospital é uma arbitrariedade. O estado coagindo, e não investigando", disse Maria do Rosário em sua página no Twitter. Paulo Pimenta (PT-RS) também mostrou-se indignado em postagem na mesma rede social. "Prender alguém no hospital, no momento [em] que acompanha a cirurgia da esposa com câncer, é covardia. Não oferece risco, não tinha necessidade", afirmou Pimenta. Também ex-ministro [do Esporte] dos governos Lula e Dilma, o deputado Orlando Silva (PCdoB) disse que não há motivos para que a prisão tenha sido feita da maneira como ocorreu. "O ex-ministro do Fazenda Guido Mantega tem endereço conhecido. Acionado, já colaborou com a Justiça. Prender no hospital parece abuso. Para quem o conhece, é chocante!", afirmou. Para o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), existe perseguição política e não há prova. Segundo Florence, o partido questiona fundamentos e condições em que a prisão ocorreu. "É mais um episódio de ação contra petistas e a espetacularização da ação da polícia."

Na opinião dos golpistas…

Ao comentar a prisão de Mantega, o democrata Onyx Lorenzoni questionou: "Qual é o mimimi (reclamação) de hoje? Lugar de bandido é na cadeia, bem longe dos cofres públicos. O dia (em) que explicarem os crimes e assumirem, não vai precisar inventar desculpas a cada meia hora”. Para Lorenzoni, o desmonte do esquema classificado pelos procuradores federais de "lulopetismo" deve servir como aviso para atuais e futuros governantes. — Voto não é autorização para desrespeitar as leis — afirmou. "Mais uma na cabeça da jararaca", escreveu o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), no Twitter, referindo-se a uma frase do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva sobre a Operação Lava Jato. "Se quiseram matar a jararaca, não fizeram direito, pois não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva", disse o ex-presidente sobre o fato de ter sido conduzido coercitivamente, em março, para depor em uma dependência da Polícia Federal, no Aeroporto de Congonhas, em São Palo O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), classificou de "lamentável" a gestão petista e disse que Mantega foi o mestre da contabilidade criativa no governo Dilma. "Foi o criador da nova matriz econômica, que quebrou o Brasil. Agora também vemos que era um dos que achacavam empresários para dar dinheiro ao PT", disse.
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